Crise econômica e seu impacto na saúde
Por Roberta Massa | 29.12.2015 | Sem comentáriosAusência de recurso, ou falta de competência na gestão dos recursos?
No início dessa semana os governadores estiveram em reunião com o Ministro da Fazenda Nelson Barbosa, nela foi reivindicada alteração nas regras de cobrança para atendimentos realizados pelo SUS para pacientes que possuem plano de saúde. A ideia era agilizar a cobrança do ressarcimento junto as operadoras de planos de saúde.
Atualmente, a cobrança já é realizada pelo governo federal, porém não é realizada de forma efetiva, a partir as sugestões propostas a cobrança passaria aos estados e municípios que teriam nova fonte de receita.
A possível nova receita daria folego ao sistema de saúde, que teria certo alívio por mais um período, porém não seria uma solução definitiva para um sistema que está muito tempo na UTI respirando com ajuda de aparelhos.
O agravamento da crise
Com o agravamento da crise econômica as dificuldades da população não param de aumentar, o desemprego cresceu levando muita gente a cancelar os planos de saúde seguindo sem alternativas para o sistema único de saúde.
O sistema de saúde pública está no limite e esse limite vem sendo sobrecarregado a cada dia. A falta de recursos do governo federal, e a necessidade de ajuste fiscal fez com que os recursos da saúde diminuíssem ainda mais. A redução de verbas resulta em cortes e atrasos de pagamento dos fornecedores e dos funcionários. Sem insumos, pessoal e com condições precárias de trabalho a única opção dos hospitais é reduzir ou interromper o serviço.
Falta de prioridades
Enquanto a saúde pública encontra-se nessa situação caótica devido falta de recursos, a Prefeitura do Rio de Janeiro irá pagar R$800 mil por show no Réveillon de Copacabana
Os gastos com o show pirotécnico serão de “apenas 2 milhões” segundo a prefeitura, que terá 31% a mais de bombas do que no último ano.
Essa é apenas uma parte dos gastos pois não podemos deixar de citar o valor de 2,8 milhões referentes a locação e a operação das 11 balsas onde as bombas serão detonadas.
A verdade é que em momentos de crise é fundamental que prioridades sejam estipuladas. Nesse momento difícil, o mais natural seria que as diversas instâncias de governo, tivessem a sensibilidade de observar o que de fato é importante para o bem das pessoas, certamente, shows pirotécnicos não contribuirão para o bem-estar da população mais do que se esse dinheiro fosse revertido para a área da saúde, certo?
CPMF uma saída?
Entre as propostas da equipe econômica para arrecadar mais dinheiro está o projeto de ressuscitar a CPMF. Ao analisar de perto a situação do sistema público de saúde, está muito claro que “apenas mais dinheiro” não será a saída para a melhoria no desempenho do sistema. Falta gestão, falta conscientização do pessoal, nos hospitais públicos está cheio de funcionários que se encostam na muleta da estabilidade, usando o tempo e o ambiente de trabalho para promover outras atividades (venda de cosméticos, alimentos, etc).
O Sistema Público de Saúde carece de profissionalização, de cobrança de desempenho e de mais pessoas dispostas a reverter uma realidade que já se provou ineficiente.
Conclusão
A crise na saúde é espelho da crise no país, infelizmente, quando um sistema já desgastado (como da saúde) entra em colapso aqueles que mais precisam são imediatamente afetados. Esse momento pede que todas as vozes da área da saúde se unam e manifestem a preocupação com o cenário, deixando claro a necessidade de transformação.
Não podemos mais tolerar falta de prioridade e de profissionalismo em um setor tão importante para o país.
Chega de amadores, chega de oportunistas!
Que 2016 seja a porta da mudança.
Até a próxima!