Gestão

Anatomia Patológica e a importância do seu gerecimento em um hospital

Por Roberta Massa | 11.05.2016 | Sem comentários

Braço direito da assistência à saúde, o diagnóstico orienta os procedimentos a serem adotados pela equipe no que se refere a todo e qualquer tipo de cuidado clínico oferecido aos pacientes.

Por isso é que a medicina diagnóstica desempenha função essencial para os hospitais, uma vez que oferece os recursos definidores do diagnóstico e, como consequência, serve de apoio à tomada de decisão clínica em relação a qualquer que seja o tratamento oferecido. Aí entra a Anatomia Patológica.

Responsável pelos testes realizados em tecidos e fluidos, esse setor exerce papel central em relação aos demais existentes em um hospital no âmbito da medicina diagnóstica.

Isso porque os testes que realiza possibilitam o diagnóstico de diversas doenças e problemas de saúde, indo desde inflamações, passando por infecções até chegar a alguns tipos de câncer.

Mas o sucesso do diagnóstico final está diretamente relacionado à qualidade dos testes desenvolvidos. E a melhoria dessa qualidade só é possível com a adoção de uma gestão eficiente.

O que é Anatomia Patológica?

Essa é a modalidade da saúde que cuida da análise morfológica (macro e microscópica) de peças, tecidos, células, fluidos e secreções do corpo humano, sempre com o objetivo de avaliar lesões e outras anormalidades presentes nas estruturas dessas amostras.

Tal análise tem por finalidade prevenir, diagnosticar e estabelecer a evolução ou o estágio clínico, além do prognóstico para os diversos problemas de saúde que podem afetar os pacientes.

Dentre as doenças que podem ser diagnosticadas por meio do setor de Anatomia Patológica, encontram-se diferentes tipos de câncer, doenças degenerativas, imunológicas, infecciosas e inflamatórias que provocam alterações morfológicas nos órgãos e tecidos do corpo humano. Isso sem contar que, além da sua importância clínica, a Anatomia Patológica também é peça-chave em diversas pesquisas científicas desenvolvidas pelos hospitais.

Como gerenciar o setor de Anatomia Patológica?

A gestão do setor de Anatomia Patológica compreende diversos processos de rotina (desde a coleta e o recebimento das amostras até a emissão dos laudos médicos), que são fundamentais para a qualidade dos serviços prestados.

Confira a seguir algumas das etapas mais importantes no processo de gestão desse setor:

Coleta das amostras

Procedimento primário de qualquer setor de Anatomia Patológica, a coleta das amostras é também delicada, já que sua qualidade é fundamental para a precisão e a fidelidade do diagnóstico obtido. Diversas técnicas podem ser utilizadas para essa coleta, como biópsias, esfregaços, cirurgias, aspirações e punções.

Como esse procedimento geralmente não é realizada por funcionários do setor, é fundamental elaborar um rígido sistema para seu controle e gerenciamento.

Identificação dos materiais

As amostras coletadas devem ser devidamente identificadas antes de serem enviadas ao setor de diagnóstico.

E esse passo é importantíssimo uma vez que a identificação adequada elimina o risco de troca de amostras dos pacientes, garantindo assim que o médico patologista saiba exatamente a origem do material a ser analisado.

Por isso, é primordial que o setor de Anatomia Patológica tenha um bom sistema de identificação, que deve incluir, dentre outras informações, o nome, a idade, o sexo e a etnia do paciente, além de local, data, nome do tecido, técnica utilizada e tipo de material coletado, fora a suspeita clínica para o paciente.

É importante lembrar que a identificação deve ser única, possibilitando o monitoramento de todo o histórico de manipulação dessas amostras, desde o recebimento, passando pelo eventual cancelamento de blocos e lâminas até chegar à entrega do resultado.

Armazenamento das amostras

Um bom controle sobre o armazenamento dessas amostras garante a integridade do material até o momento da análise.

Por isso, a qualidade do armazenamento é outro ponto que determina o sucesso dos testes diagnósticos executados pelo médico patologista. É essencial, portanto, que o laboratório tenha um sistema eficiente de gestão desse processo, o que envolve controle da temperatura, do tempo e dos utensílios adequados ao armazenamento de cada tipo de amostra.

Tratamento e manipulação

Antes de serem efetivamente realizados os procedimentos de análise, as amostras devem ser processadas de forma adequada, a fim de assegurar a precisão do diagnóstico clínico. Lembrando que cada tipo de material demanda um tratamento e uma análise específicos.

Testes diagnósticos

São diversos os testes realizados nas amostras com a finalidade de detectar alterações morfológicas e definir o diagnóstico do paciente, sendo que o tipo de técnica utilizado depende do material biológico coletado e da suspeita clínica do paciente.

Exemplos disso são a análise macroscópica da amostra e a avaliação microscópica de lâminas citológicas, além dos exames imuno-histoquímicos.

Rastreabilidade

É fundamental que o laboratório de anatomia mantenha um sistema eficiente de rastreabilidade, permitindo o monitoramento contínuo das amostras. Esse recurso possibilita localizar e identificar com a devida segurança o setor, o tipo de exame e as etapas de manipulação desses materiais.

A rastreabilidade é absolutamente indispensável no caso de surgirem quaisquer tipos de intercorrências, como atrasos no processamento da amostra ou na entrega dos resultados. Assim é possível evitar retrabalhos e custos desnecessários.

Padronização dos laudos

Terminada a análise da amostra, o médico patologista deve emitir um laudo contendo as características do material recebido, seus achados e o possível diagnóstico para o paciente.

O detalhamento e a qualidade do laudo são muito importantes para que a equipe médica envolvida no tratamento adote quaisquer que sejam as condutas mais adequadas.

É essencial, portanto, que os gestores do laboratório padronizem esses documentos, a fim de manter a qualidade dos resultados emitidos pelo setor.

Adoção de Procedimento Operacional Padrão (POP)

Os POPs são documentos que contêm todas as etapas envolvidas na realização de um procedimento específico, funcionando, dessa forma, como guia para as atividades desenvolvidas a partir dali. São, assim, ótimos instrumentos para assegurar a qualidade dos diagnósticos realizados pelo setor de Anatomia Patológica.

Treinamento dos profissionais

Outra característica de uma gestão eficiente do setor de Anatomia Patológica é o investimento em programas de treinamento contínuo para seus funcionários.

Ao apostar na capacitação, a instituição garante que seus colaboradores estarão sempre atualizados a respeito de novas enfermidades e técnicas de análise. E isso mantém a qualidade do serviço prestado pelo setor.

Acompanhamento de indicadores

A definição e o devido acompanhamento de indicadores são de extrema importância para a avaliação da qualidade dos testes, procedimentos e laudos emitidos por um setor de Anatomia Patológica. É, dessa forma, pontos crucial para sua gestão eficiente.

Automatização do setor

Sem dúvida, a tecnologia empregada a favor do gerenciamento dos setores de Anatomia Patológica é peça-chave para a qualidade dos diagnósticos realizados. Afinal, um sistema automatizado facilita o controle de todos os processos envolvidos em sua rotina, tais como a identificação das amostras, o controle do armazenamento e o desenvolvimento de POPs e métricas de avaliação.

Vale lembrar que por mais que tenhamos listado aqui os principais, existem vários outros processos envolvidos na administração do setor de Anatomia Patológica, como o gerenciamento de resíduos, o controle do estoque de insumos, a gestão financeira e a adequação às normas sanitárias vigentes.

Quais os benefícios da gestão para o setor?

Como já mencionamos, um dos benefícios mais importantes é a garantia da qualidade dos diagnósticos emitidos. Entretanto, esse definitivamente não é o único benefício.

Uma gestão eficiente do setor de Anatomia Patológica de qualquer hospital também gera:

  • Agilidade na emissão dos laudos e no estabelecimento do diagnóstico clínico, com consequente redução do tempo de espera pelo paciente e pela equipe de saúde que o acompanha;
  • Melhoria da formação técnica dos funcionários;
  • Aumento da capacidade de exames realizados diariamente;
  • Elevação da qualidade técnica dos testes realizados;
  • Melhoria da assistência médica oferecida pelo hospital;
  • Redução e otimização de custos;
  • Aumento da satisfação tanto dos pacientes como dos profissionais da saúde;
  • Maior agilidade na tomada de decisões clínicas;
  • Facilidade no cumprimento da legislação sanitária vigente.

Fonte: MV-Sistesmas-11.05.2016

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