Saúde

Mais um estudo reforça ligação entre zika e microcefalia

Por Roberta Massa | 16.09.2016 | Sem comentários

Pesquisadores compararam testes e tomografias de bebês com a má-formação e crianças normais nascidos em oito hospitais de Pernambuco.

Resultados preliminares de um novo estudo comparativo reforçam a existência de uma relação causal entre a infecção por zika em mulheres grávidas e a microcefalia.

A pesquisa, realizada no Brasil, envolveu 32 casos de bebês com a má-formação.

Os autores afirmam, no entanto, que para avaliar a força dessa ligação entre zika e microcefalia, será preciso terminar a análise comparativa de um conjunto de 200 casos de bebês com microcefalia e outros 400 casos de bebês que nasceram saudáveis.

A pesquisa foi publicada na revista Lancet Infectious Diseases e encomendada pelo Ministério da Saúde para investigar as causas da epidemia de microcefalia no País.

Uma das autoras, Laura Rodrigues, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, afirma que os resultados do estudo são “peças que estavam faltando no quebra-cabeças” para provar a ligação entre a infecção e a má-formação.

Os pesquisadores seguiram e compararam gestações que resultaram em bebês saudáveis, com casos que resultaram em microcefalia, com o objetivo de buscar sinais de que o vírus da zika passou para os fetos que desenvolveram a má-formação.

O estudo envolveu todos os bebês nascidos com microcefalia em oito hospitais públicos de Pernambuco entre janeiro de 2015 e maio de 2016. Para cada caso de microcefalia, dois bebês saudáveis foram incluídos como controle.

Foram incluídos sempre os primeiros dois bebês normais nascidos na manhã seguinte ao nascimento de bebês com microcefalia em um dos hospitais.

Depois de colher amostras e realizar tomografias dos cérebros, os pesquisadores concluíram que 41% das mães de bebês com microcefalia apresentavam testes positivos para a infecção por zika. Os testes dos bebês nascidos sem a má-formação foram todos negativos.

Uma alta proporção de mães com bebês com e sem microcefalia também tiveram testes positivos para dengue e outras infecções como herpes, rubéola e toxoplasmose.

“Nossa descoberta sugere que o vírus zika deve ser oficialmente acrescentado à lista de infecções congênitas. No entanto, muitas questões ainda permanecem em aberto – incluindo o papel da infecção prévia por dengue”, disse Thália Velho Barreto  de Araújo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que também trabalhou na equipe de pesquisa.

Laura alertou que as análises são preliminares e devem ser vistas com algum cuidado, já que os resultados podem superestimar a força da ligação entre zika e microcefalia. “Quando o estudo estiver completo, em conjunto com outras pesquisas em andamento, ele fornecerá informação vital para o papel de qualquer outro fator que possa afetar a epidemia”, disse.

Fonte: Estadão-16.09.2016.

Leitura indicada: Ebook Planejamento Estratégico em Saúde.

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