Gestão

Operação da PF revela desvio de R$ 300 milhões na área de saúde no Rio

Por Roberta Massa | 11.04.2017 | Sem comentários

O esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal (PF) em contratos na área de saúde no governo do Rio de Janeiro desviou cerca de R$ 300 milhões, informaram os investigadores nesta terça-feira.

O valor inclui R$ 16,4 milhões em propinas recebidos pelo ex-governador Sérgio Cabral e R$ 70 milhões em conta nos Estados Unidos em nome do empresário Miguel Iskin.

“Fazendo os cálculos, de 2007 a 2016, entre contratações e vendas que conseguimos identificar, nós chegamos a um valor de que teriam sido desviados cerca de R$ 300 milhões.

Pode ser maior”, disse o auditor fiscal da Receita Federal, Cleber Homem da Silva, em entrevista a jornalistas.

A PF deflagrou nesta terça-feira a Operação Fatura Exposta, um desdobramento da Lava-Jato no Rio, que teve ainda as operações Calicute e Eficiência.

A Calicute, deflagrada em novembro do ano passado, prendeu o ex-governador Sérgio Cabral responsável por instituir o percentual de propina de 5% de todos os contratos celebrados com o Estado do Rio de Janeiro.

Ele está atualmente preso no Complexo de Gericinó, antigo Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio.

Prisões

A operação de hoje prendeu, de forma preventiva, Sérgio Côrtes, ex-secretário de Saúde do governo Sérgio Cabral.

De acordo com as investigações dos agentes da Justiça, os crimes na Secretaria de Saúde foram praticados quando Cabral assumiu o governo, em janeiro de 2007, e nomeou Côrtes para secretário.

O pagamento das vantagens indevidas nas aquisições por pregões internacionais, por exemplo, se dava na proporção de 5% para o ex-governador e 2% para o ex-secretário.

Como havia fraude no pagamento dos tributos na importação dos equipamentos, além desses percentuais cerca de 40% do total dos contratos era rateado entre Côrtes e o empresário Iskin, em conta no Bank of America.

“Vamos tentar identificar a participação cada uma das empresas [no esquema]. O colaborador indica que há cartel entre as empresas. Pretendemos avançar nas investigações.

O cartel seria comandado por Miguel Iskin de acordo com informações preliminares… não só no Into mas também em alguns projetos com abrangência nacional”, afirmou o delegado da Polícia Federal, Eduardo El Hage. Iskin é dono de empresas fornecedoras de equipamentos médicos e próteses ao Estado e ao Instituto de Traumato-Ortopedia (INTO).

“A corrupção no governo Cabral está em todos os setores. Constatamos por meio de uma série de provas que havia desvio de recursos públicos em valores vultuosos”, acrescentou.

O valor das propinas recebidas por Cabral foram identificadas a partir de bilhetes e anotações de Luiz Carlos Bezerra, ex-assessor do ex-governador.

Os investigadores disseram que há a possibilidade de alguns destes papéis terem sido destruídos. Foi identificado que o governador recebia um pagamento mensal de R$ 450 mil, totalizando R$ 16,4 milhões.

“Temos fragmentos da realidade. Acreditamos que o prejuízo pode ser maior.

Ainda tem pessoas sendo investigadas e há outros caminhos que podem ter sido utilizados, disse o procurador da República, Rodrigo Timóteo.

Os responsáveis pela operação também disseram que Côrtes tentou obstruir o andamento das investigações.

Ele sugeriu a Cesar Romero Vianna Junior, ex-diretor do INTO, e colaborou com as investigações, a combinação de uma delação premiada e o pagamento dos advogados.

Fonte: Valor Econômico-11.04.2017.

Ebook Planejamento Estratégico em Saúde, baixe agora o seu.

Compartilhe!