Gestão

Incor vence crise, paga dívida e reafirma sua qualidade e excelência

Por Roberta Massa | 29.01.2018 | Sem comentários

Incor Maior centro de cardiologia do País quita débito com bancos e fornecedoresNos corredores do maior centro de pesquisa e assistência em cardiologia do País, não é incomum ouvir relatos de quem diz ter “renascido” após ser operado no local.

Na última década, porém, além de correr contra o tempo diariamente para salvar a vida dos seus pacientes, o Instituto do Coração (Incor) teve de lutar pela própria sobrevivência em uma história que acaba de terminar com final feliz.

No ano em que completou 40 anos, o instituto, vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Finalmente quitou as milionárias dívidas com fornecedores e bancos, colocando, assim, um fim à pior crise de sua história.

O pagamento dos últimos débitos ocorreu no fim de 2017 e foi revelado ao Estado neste mês pelo presidente do conselho diretor, o cardiologista Roberto Kalil Filho.

Lean Six Sigma

“O que aconteceu com o Incor foi muito ruim, a ponto de pedirem a insolvência da Fundação Zerbini (instituição que administra os recursos do Incor).

Ela estava com dívidas praticamente impagáveis. Mas nesses últimos anos vem sendo feito um trabalho de saneamento.

E desde setembro do ano passado a fundação não tem débitos. De uma dívida que, alguns anos atrás, chegava a R$ 464 milhões, hoje não tem.

Como se fez isso? Negociando, economizando, fazendo auditorias, pedindo ajuda e conversando com os governos. Todos ajudaram de alguma maneira”, disse.

Diretor-presidente da Fundação Zerbini desde 2012, José Antonio de Lima relembra que as duas principais origens da dívida da entidade.

Foram os custos da construção do bloco 2 do hospital e os investimentos na criação de uma unidade do Incor no Distrito Federal – hoje sob administração de outra entidade.

O acúmulo de débitos ainda criou outro problema: a fundação foi colocada no Cadastro de Inadimplentes (Cadin) – o que equivale para as pessoas físicas a ficar “com o nome sujo”.

“Uma das consequências é que ficamos fechados para receber emendas parlamentares de 2006 a 2013”, comenta Lima.

Nesse período, o instituto e a fundação também enfrentaram problemas com órgãos fiscalizadores, como o Tribunal de Contas e o Ministério Público.

“Além de estarmos no Cadin, o Ministério Público Federal ainda impediu algumas transferências de recursos públicos”, conta José Manoel de Camargo Teixeira, assessor da diretoria executiva.

Com o plano de reestruturação e a renegociação de dívidas, o instituto foi recuperando, pouco a pouco, a credibilidade.

Desde 2014, já “com o nome limpo”, a entidade recebeu cerca de R$ 17,7 milhões só em emendas parlamentares.

Com esses e outros recursos que chegam para investimento em melhorias no hospital, o Incor pôde, nos últimos anos, reformar alas de Unidade de Terapia Intensiva (UTI

Inaugurar um novo pronto-socorro e comprar equipamentos mais modernos.

Vice-presidente do Conselho Diretor da instituição, o cirurgião Fábio Jatene afirma que o progresso alcançado nos últimos anos levou a instituição a ter hoje estrutura tão moderna quanto a dos melhores hospitais privados.

“Nós temos instalações e equipamentos apropriados para realizar os procedimentos, e acesso às mais modernas tecnologias.

Estamos entre os maiores centros transplantadores de coração e pulmão do mundo. Isso caracteriza uma excelência”, destaca.

Ao longo dos seus 40 anos, o hospital já fez mais de mil transplantes.

Para Jatene, o maior desafio agora é ampliar o atendimento a mais pacientes, mesmo com as limitações financeiras comuns a qualquer unidade pública.

“O que gostaríamos é que fizéssemos ainda mais.

Em vez de realizar procedimentos duas ou três vezes por semana, que realizássemos todos os dias, porque os pacientes necessitam. Isso é o que poderíamos avançar mais ainda.”

Ensino e pesquisa

E não foi só na área de assistência e gestão que o InCor acumulou boas notícias no último ano.

Conhecido como um dos maiores centros de ensino e pesquisa em sua área do mundo.

A instituição conseguiu nota 7 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior em sua pós-graduação de Cardiologia, o maior conceito de um programa do gênero.

Parceria com o Sírio permite implante de R$ 600 mil

São 7 horas e mais de dez profissionais já ocupam uma das salas de cirurgia do Hospital Sírio-Libanês.

Unidade privada de excelência, famosa por atender políticos e celebridades em São Paulo.

Na maca, nenhum paciente particular ou de convênio, mas sim a empregada doméstica Geni Rosa de Oliveira Silva, de 59 anos.

Usuária do Sistema Único de Saúde, que, no dia 9 de janeiro, recebeu uma espécie de coração artificial em uma cirurgia acompanhada pelo Estado.

Geni é originalmente paciente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), mas faz acompanhamento também com a equipe do InCor desde que descobriu que o tratamento quimioterápico de 2015 para um tumor de mama provocou danos em seu coração.

“Comecei a tomar remédios para a insuficiência cardíaca, mas, de uns tempos para cá, passei a sentir muito cansaço e os médicos disseram que os remédios não davam mais conta”, contou, um dia antes da cirurgia.

A única chance de sobrevivência para a paciente seria implantar um aparelho que custa cerca de R$ 600 mil, mas que não está disponível na rede pública.

A opção por um transplante de coração, geralmente indicado para esses casos, não é viável para Geni porque doentes que tiveram câncer só podem receber um novo órgão cinco anos depois de curados.

Geni foi transferida para o Sírio-Libanês graças a uma parceria com o Incor.

Por meio do projeto de filantropia Coração Novo, o hospital privado arca com as despesas do dispositivo a ser implantado – o aparelho HeartMate 2.

Que substitui a função de um dos ventrículos do coração, ajudando a bombear o sangue.

De acordo com Fábio Jatene, vice-presidente do Incor e cirurgião em ambas as instituições (foi ele quem chefiou a equipe que operou Geni).

A parceria entre os dois hospitais é uma forma de oferecer a pacientes do SUS técnicas não cobertas pela rede pública.

Fonte: Estadão-29.01.2018.

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