Tecnologia

Algoritmo vai melhorar e acelerar diagnósticos, diz professor da USP

Por Redação GeHosp | 20.08.2019 | Sem comentários

Em um futuro que já pode ser percebido por médicos e profissionais da saúde, a inteligência artificial será auxílio essencial no momento de internar ou liberar um paciente, interpretar um histórico e definir um diagnóstico.

Entusiasta e parte integrante dessa mudança, Alexandre Chiavegatto Filho, economista e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo(USP), considera que o uso de dados tem potencial para trazer diagnósticos melhores e mais rápidos. Ele fará parte de um dos painéis do Estadão Summit Saúde 2019, que será realizado na próxima semana. 

Como funciona o modelo de algoritmos que vocês desenvolveram para previsão de risco de morte entre idosos, trabalho bastante destacado em 2018?

Algoritmos aprendem com exemplos anteriores. A análise feita pela inteligência artificial de uma grande quantidade de dados sobre os pacientes que sobreviviam ou que vinham a óbito permitiu que o algoritmo “aprendesse” a identificar o conjunto de características que interagem e levam, de alguma forma, à morte. A partir das características desses idosos, você estabelece a probabilidade de determinado paciente apresentar um quadro mais complicado de saúde.

De lá para cá, houve algum avanço na ferramenta?

Temos estudado a predição de qualidade de vida entre pacientes com doença terminal, a de déficit cognitivo entre idosos, e a de estresse pós-traumático entre pessoas que passaram por desastres naturais. Esses são alguns exemplos de aplicação de algoritmos, o que pode predizer desfechos específicos em cada cenário. 

Como esse projeto de inteligência artificial pode ser usado no atendimento médico?

A utilização vai ser extremamente simples. A tecnologia é bastante barata. Não há um custo em si, porque esses algoritmos estão disponíveis gratuitamente. A ideia é utilizar os dados que os hospitais estão coletando sobre cada paciente que passa por um posto de atendimento. Conforme o médico insere dados de um novo paciente no prontuário eletrônico, dentro do próprio prontuário poderá receber um score (pontuação ou porcentagem) de risco, de gravidade da situação. 

Como é fazer este tipo de estudo no Brasil?

O Brasil é um país interessante pela nossa diversidade socioeconômica e também genética. Historicamente, na área da saúde, o que acontecia é que os estudos eram feitos entre pessoas com características muito específicas de determinado lugar, e os resultados e aplicações não necessariamente funcionavam para o restante do mundo. Temos o mundo dentro do Brasil.

Predições desse tipo são o futuro da Medicina? Por quê?

Sim, há uma interação que muitas vezes passa despercebida pelo cérebro humano, mas não passa despercebida aos algoritmos, que conseguem entender e processar todos os detalhes dessas características que levam a doenças, desde o primeiro contato, durante a triagem do paciente, até o fim do contato, na necessidade de alta ou de internação. 

Fonte: Estadão – 20.08.2019

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