Saúde

As lições do Hospital Albert Einstein durante a pandemia do novo coronavírus

Por Redação GeHosp | 08.04.2020 | Sem comentários

Nenhuma empresa se prepara para enfrentar uma pandemia. O que não significa que companhias não devam estar preparadas para eventos adversos. Como fazer isso, no entanto, é um desafio maior. E começa pela cultura organizacional do negócio, de acordo com Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, e Andrea Alvares, vice-presidente de Marca, Inovação, Internacionalização e Sustentabilidade da Natura.

Os dois participaram do Festival Alma, evento digital gratuito realizado pelo Grupo Anga, em parceria com Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB), Sistema B e HSM. O festival acontece de terça-feira (07/04) até quinta-feira (09/04), e conta com Época NEGÓCIOS como parceira de mídia. Interessados podem acessar a programação e se inscrever por meio do site oficial do evento.

Na apresentação, os dois discutiram o impacto do novo coronavírus nos seus negócios, além de ressaltar os aprendizados da pandemia até então. As duas empresas foram diretamente afetadas pelo surto de covid-19. O Hospital Albert Einstein foi uma das primeiras instituições a separar um time de médicos para atender e pesquisar exclusivamente os casos do novo coronavírus.

Klajner diz que a decisão foi tomada ainda nos primeiros dias de janeiro, quando os casos estavam concentrados na China e a palavra pandemia sequer era usada. Segundo o médico e executivo, a decisão foi seguir a mesma linha de atendimento utilizada durante o surto do H1N1 e da dengue.

Do lado da Natura, a empresa viu praticamente todo o negócio de venda direta afetado pelas medidas de isolamento social. Segundo Andrea, a empresa não estava preparada para enfrentar as consequências dessa pandemia. “Não estava no nosso escopo de atenção esse tipo de risco”, diz. O que fez diferença, acredita a executiva, foi contar com uma operação capaz de lidar com momentos adversos.

A empresa adotou ferramentas digitais e home office em todas as operações que pôde, além de afastar os funcionários e colaboradores que estão no grupo de risco para a covid-19, colocando-os em licença remunerada ou para trabalhar de casa. A Natura também encomendou testes e se conectou com agentes de saúde para avaliar e cuidar dos funcionários com risco de coronavírus. A empresa se comprometeu a suspender demissões por 60 dias e congelar salários e promoções, limitando as contratações apenas para posições críticas. Outra medida emergencial adotada pela empresa foi converter todas as fábricas da América Latina para a produção em massa de álcool gel.

Já o Einstein alterou toda a operação do conjunto hospitalar em São Paulo, separando um prédio inteiro do complexo só para casos de covid-19. “Dentro da medicina, a gente associa evolução às guerras. E elas estão sendo substituídas por pandemias. Isso aqui é guerra”, diz.

Lições
Tanto para Andrea quanto para Klajner, a cultura organizacional dos seus negócios fez diferença nas tomadas de decisão – que acontecem diariamente em meio a uma situação de emergência. Segundo a vice-presidente da Natura, a cultura permitiu à empresa ser rápida para analisar o contexto e organizar uma série de ações. “Fomos descobrir o que outros países estavam fazendo para pensar em soluções”, diz.

Mas o maior aprendizado, diz a executiva, foi reconhecer uma vulnerabilidade da empresa e da sociedade como um todo. “Não temos as respostas, mas acreditamos que a união será a solução e vamos nos colocar como uma esperança para esse caos. Acho que são nesses momentos que a gente descobre fortalezas que nem sabia ter.”

Para o presidente do Einstein, a cultura de “nunca estar satisfeito” foi essencial para a entidade se colocar como uma das mais ativas na luta contra a covid-19. Como exemplo, ele cita os investimentos em telemedicina feitos em 2012, quando o debate sobre seu uso ainda era incipiente no Brasil. “Hoje, temos uma plataforma testada e validada pronta para atender 1 milhão de pessoas. Descobrimos que esse é um caminho para vencer barreiras geográficas e infecciosas”, afirma.

Outro ponto destacado por Klajner é que a indústria da saúde precisa repensar determinadas atitudes. “O financiamento que busca lucratividade em vez de ajudar a saúde da população não terá espaço.” Na sua visão, não deveria ser necessário fabricar respiradores do dia para a noite, por exemplo. “E se daqui dois anos a gente tem uma nova pandemia, que agora ataca o rim, e a gente precisa viver o mesmo com equipamentos de diálise”, diz. É aí que entram as startups, por exemplo. “Startups têm o papel de usar novas tecnologias para descentralizar a produção de equipamentos.”

Quanto ao lado humano, o executivo acredita que o momento mudará a relação das pessoas com a sua própria saúde e com os profissionais do setor. “Um dos maiores benefícios será a humanização dos profissionais de saúde. E estou falando do enfermeiro, agente comunitário, do fisioterapeuta, etc., das pessoas que se dedicam a trazer saúde.”

O mesmo serve para o autocuidado. Como no caso da covid-19 o grupo de risco é formado por pessoas com condições clínicas pré-existentes, como hipertensão, diabetes e problemas crônicos respiratórios, o médico acredita que as pessoas vão atuar mais preventivamente daqui em diante.

Abaixo, escute o NegNews, podcast com cobertura especial sobre novo coronavírus, com Sidney Klajner: 


Fonte:
Época Negócios – 08.04.20

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