Nos hospitais mais de 248 mil procedimentos deixaram de ser realizados devido a paralisação.
Por Roberta Massa | 01.06.2018 | Sem comentáriosNos hospitais privados e filantrópicos, 30% dascirurgias eletivas tiveram de ser adiadas; 20% da indústria do setor parou.
Mais de 248 mil procedimentos não realizados na rede municipal de saúde de São Paulo.
30% das cirurgias eletivas de hospitais privados e filantrópicos do Estado adiadas e 20% das indústrias de equipamentos médicos paradas.
Estas foram algumas das consequências dos dez dias de paralisação dos caminhoneiros na área da saúde.
Sem receber medicamentos e materiais, a maioria dos hospitais e centros médicos paulistas preferiu adiar ou cancelar procedimentos não urgentes.
A decisão prejudicou pacientes como a arquiteta Vânia Sousa Giminiani, de 49 anos.
Que tinha uma cirurgia na coluna marcada para terça-feira no Hospital Samaritano.
No dia anterior ao procedimento, ela foi avisada do cancelamento.
Já tinha marcado a cirurgia nas vésperas do feriado para ter esse período para me recuperar.
Minha mãe ia ajudar no cuidado dos meus filhos.
O cancelamento complicou toda a minha programação”, conta ela, que sofre de cefaleia da cervical, problema que provoca dores intensas no pescoço e na cabeça.
A cirurgia foi remarcada para o dia 8 de junho.
A analista de recursos humanos Simone Godoy, de 44 anos, esperava havia três meses pela cirurgia de implante de prótese de silicone nas mamas.
Adiantou o trabalho, pediu uma semana de folga para se recuperar e já estava em jejum.
Quando o hospital ligou na sexta-feira, avisando que o procedimento não seria feito.
“Chorei muito e cheguei até a me questionar se era mesmo para eu fazer a cirurgia”, conta.
Segundo ela, o Hospital Cruz Azul avisou que não haveria medicamentos nem alimentação para pacientes de procedimentos eletivos, apenas para casos de emergência.
A previsão agora, ainda não confirmada, é de que a operação ocorra no fim de semana.
Ela diz ser a favor da manifestação, mas “perdeu toda a esperança nesse Brasil”.
Desde sexta-feira, não sai do condomínio onde mora, na Serra da Cantareira, zona norte, porque o carro não tem gasolina.
Já o médico Leandro Barreto, de 37 anos, ficou realmente sem o carro.
Ele teve de ir para a Praia Grande, no litoral paulista, na segunda-feira, para atender pacientes.
Trata-se de um trabalho voluntário na periferia da cidade e não havia como entrar em contato com os pacientes para desmarcar.
Mas o veículo de Barreto tinha apenas um quarto do tanque de gasolina.
Ele então pegou a estrada, fez os atendimentos e não quis arriscar voltar com o carro.
Deixou o veículo no litoral e pegou um ônibus.
“Sabia que o tanque não ia dar e até me planejei para deixar lá. Vou tentar buscar no fim de semana.”
Em algumas unidades de saúde, a falta de gasolina impediu que os doentes chegassem aos centros.
Segundo a Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp).
50% a 60% dos atendimentos deixaram de ser realizados por ausência dos próprios pacientes.
Fonte: Estadão – 01.06.2018.
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