Desafios da Inovação na Saúde Pública: como superá-los?
Por Roberta Massa | 26.11.2025 | Sem comentáriosInovar na saúde é fundamental, o desenvolvimento de novas tecnologias impulsionam a constante necessidade de readequação e adaptação das estruturas e dos processos de trabalho de forma célere, por isso é necessário estarmos preparados para acompanhar as mudanças sociais, tecnológicas e epidemiológicas.
A inovação surgiu como resultado de diretrizes de agências multilaterais (Banco Mundial, OCDE, BID), que desde o final do século XX impulsionam reformas voltadas à eficiência, transparência e foco no cidadão.
No Brasil algumas ações estruturadas surgiram em 2010, com a implementação de laboratórios de inovação em todas as linhas da esfera do governo, neste contexto podemos destacar os laboratórios de inovação.
- LabHacker (Câmara dos Deputados – 2013)
- coLAB-i (TCU – 2015)
- GNova (Enap – 2016)
Todos possuiam os mesmos objetivos, testar novas metodologias, fomentar transparência, colaboração, experimentação e a cultura de inovação.
O cenário pandêmico contribuiu para o processo de inovação e aceleração da transformação digital nas áreas relacionadas aos serviços diretos ao cidadão, na logística e regulação, tornando processos mais ágeis, digitais e abertos à inovação integrada, porém também evidenciou as fragilidades existentes devido ao excesso de demanda, combinado com a interrupção de oferta gerando uma grande crise de abastecimento.
Ainda seguindo nessa mesma linha de inovação, no âmbito da saúde pública, após a pandemia nasceu em 2022 o Laboratório de Inovação-Pólen da FIOCRUZ.
O Ministério da Saúde também caminhou na mesma linha, em Dezembro/2022 publicou a portaria GM/MS Nº 4.376, que institucionalizou a Rede de Inovação de Gestão de Projetos-InovaMS, ambos sendo inserindos nesse movimento nacional e global.
Desde então muitas iniciativas e ações inovadoras estão sendo estruturadas e implementadas em demais orgãos, porém o maior desafio não está em implementa-las, ma sim em como mantê-las de forma perene com ações desdobradas entre os níveis estratégicos, táticos e operacionais, principalmente em um modelo onde as trocas de gestão acontecem constantemente.
Além disso, temos os desafios menos estruturantes, porém fundamentais para o desenvolvimento da cultura de inovação na saúde. A falta de servidores nos orgaõs, a sobrecarga de atividades, os processos extremamente burocráticos, o retrabalho gerado durante cada troca de gestão, cria uma cultura organizacional fechada e resistente as mudanças.
Isso sem contar as barreiras políticas, a falta de comunicação, integração e sinergia com atuação de ações em silos, prejudica o processo de governança, aumenta os custos e gera disperdicios que foge do principio da economicidade e proporcinalidade.
A implementação de Laboratórios de Inovação estruturados em formato de rede integrada de inovação com níveis, táticos, estratégicos e operacioais evidenciam que é possível avançar quando há prioridade nas agendas, pautas prioritárias alinhadas aos objetivos estratégicos, metodologias robustas, comunicação e articulação institucional.
Para que a cultura de inovação seja internalizada institucionalmente, é necessário investir de forma contínua em governança, infraestutura, planejamento estratégico, capacitação, ações integradas escaláveis, dessa forma os processos ganham maior robustes e capacidade de rápida adequação e adaptação, pois agir com celeridade é uma premissa fundamental de uma área tão sensível de múltiplas mudanças que necessita de inovar para se fortalecer constantemente.
Até a Próxima 🙂
Roberta Massa.