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Utilização de cuidados paliativos é cada vez mais frequente na área da saúde

Por Roberta Massa | 24.08.2016 | Sem comentários

Assistência especializada é aplicada em todas as fases de uma doença grave, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares.

Nos últimos anos, o cuidado paliativo vem ganhando espaço e importância na medicina. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 40 milhões de pessoas ao ano precisam desse tipo de assistência, sendo que 78% delas encontra-se em países em desenvolvimento. Mas, desse total, apenas 14% tem acesso ao recurso.

O cuidado paliativo é uma especialidade que tem o objetivo de cuidar e aliviar o sofrimento gerado por uma doença grave. Conhecer a sua aplicação é fundamental para desmistificar e entender melhor a sua importância.

De acordo com a OMS, “os cuidados paliativos são promovidos por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e de seus familiares”. A médica paliativista Suelen Medeiros, do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês — Unidade Brasília, acrescenta que todo paciente, de qualquer idade, que tenha diagnóstico de uma doença grave – oncológica, cardiológica, pneumológica, demências, neurológicas e outras – é candidato aos cuidados paliativos.

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Ao contrário do que o senso comum pode levar a crer, os cuidados paliativos são indicados em todas as fases da doença, não apenas nos estágios mais avançados. Eles são recomendados para os casos nos quais haja risco à vida e cujos tratamentos ou a própria doença em si causem sofrimento, independentemente do prognóstico. “Não existe paciente terminal, mas sim paciente acometido por uma doença ameaçadora à vida. É importante evitar termos que são estigmatizantes e não trazem benefício ao processo de cuidar”, aponta Suelen.

Estudos mostram que o quanto antes começarem as ações de uma equipe multidisciplinar para o cuidado do paciente, maior será a tolerância ao tratamento, melhor o controle dos sintomas e, consequentemente, maior qualidade de vida. O ideal é que essa abordagem seja indicada desde o diagnóstico, juntamente com o tratamento que busca o controle e a cura do quadro.

“A introdução precoce dos cuidados paliativos, complementando o tratamento de controle da doença, pode resultar em aumento do tempo de vida do paciente”, explica a oncologista Marcela Crosara, também do Hospital Sírio-Libanês – Unidade Brasília.

Para que o cuidado paliativo seja bem-sucedido, é fundamental a atuação de uma equipe formada não apenas por médicos, mas também profissionais de outras áreas da saúde, como enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais.

“Essa equipe multidisciplinar, tecnicamente preparada, deve acompanhar os pacientes ambulatoriais e internados. Assim, de forma precoce, pacientes e familiares são avaliados quanto à presença de sintomas e sofrimentos inerentes ao adoecimento. A depender dessa avaliação, pode ser sugerido o acompanhamento integrado e complementar dos cuidados paliativos, com enfoque nas necessidades dos pacientes e seus familiares”, afirma Suelen.

Um dos fundamentos dos cuidados paliativos é o de enxergar o paciente como um indivíduo, respeitando seus princípios, valores e sofrimentos. Ele deve ser visto como uma pessoa com uma história de vida, que tem uma doença grave e precisa de cuidados que contemplem não somente o tratamento oncológico, por exemplo, mas também a assistência às suas necessidades. Por isso, é importante que a relação entre médico e paciente seja interpessoal, empática e compassiva.

“Paciente e familiares devem sentir-se seguros e bem atendidos pela equipe que os assiste. O médico deve ter uma boa relação com o paciente, buscar uma convivência próxima, se mostrar disponível e oferecer o melhor tratamento possível. Porém deve perceber que é parte de uma equipe e que sozinho, não conseguirá suprir todas as necessidades exigidas no cuidado integral a um paciente”, ressalta Suelen.

A importância da família no tratamento

O apoio familiar e o suporte social a quem enfrenta uma doença grave é fundamental. A família deve acolher o paciente, ajudando-o a lidar com as perdas inerentes ao processo de adoecimento. Além disso, os familiares podem ajudá-lo a inserir o tratamento em sua rotina de vida.

“As pessoas que compõem a rede de suporte ao paciente devem ser inseridas como nossas parceiras e colaboradoras no exercício do cuidar. Porém, não podemos esquecer que essas pessoas são passíveis de sofrimento e, assim, também merecem cuidado, apoio e acolhimento”, pondera a especialista.

Pensando nisso, o cuidado paliativo também deve ser estendido aos familiares. “São vários casos, diários, únicos e que trazem para nós a percepção do quão transformador é a experiência de um cuidado integral ao paciente. Mesmo após a morte do paciente, em alguns casos a família pode ser assistida no período de luto”, conclui Suelen.

Fonte: NBN Brasil-24.08.2016.

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