Filas e reclamações em dos principais hospitais de São Paulo
Por Roberta Massa | 16.09.2016 | Sem comentáriosA Falta de informações, demora na realização de exames e queixas de mau atendimento. Estas são apenas algumas das reclamações a respeito dos serviços prestados pelo Conjunto Hospitalar do Mandaqui, na zona norte de São Paulo.
A reportagem da Rádio Estadão esteve no Pronto Socorro de adultos, onde tentou marcar uma consulta com um clinico geral. Sem saber que estava sendo gravada, uma funcionária informou que o atendimento não seria possível, em virtude do grande número de pessoas que aguardavam no local. “O senhor deve ir para o PS de Santana, aqui tem muita gente esperando, hoje vai ser impossível”, disse a funcionária.
Uma senhora que acompanhava o pai na realização de exames reclamou da demora. Sem querer ser identificada, ela disse que estava esperando há mais de três horas por uma ressonância, mesmo estando devidamente agendada. “Toda vez que precisamos fazer exames é um total descaso, a gente só vem por falta de opção”, afirma.
Há poucos metros do Pronto Socorro, uma estudante, que também preferiu manter o anonimato, se mostrou indignada com o atendimento.
Segundo ela o amigo teve de levar pontos, mas sem anestesia ou qualquer explicação médica para justificar o procedimento.
Em um comunicado, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirma que o Hospital do Mandaqui jamais negou atendimento médico. O órgão ressaltou, no entanto, que a qualidade dos serviços prestados está diretamente ligada à demanda da rede municipal.
Abaixo segue a íntegra da nota emitida pela Secretaria da Saúde
“O Conjunto Hospitalar do Mandaqui esclarece que não recusa atendimento a ninguém e, especificamente, nesta quinta-feira (15), todos os pacientes que procuraram pela assistência do conjunto receberam os devidos cuidados, sendo que até às 15h de hoje, mais de 300 atendimentos foram realizados no PS.
O hospital realiza todos os esforços possíveis para atender a todas as demandas da região e seu pronto-socorro é referência para casos graves e gravíssimos, principalmente de pacientes levados pelos serviços de Resgate e Samu. No entanto, 70% das pessoas que procuram o PS da unidade possuem problemas simples de saúde que deveriam ser absorvidos pela rede básica de saúde municipal, por meio de seus postos de saúde, AMAs e prontos-socorros, conforme diretriz do SUS (Sistema Único de Saúde).
É importante frisar que a boa resolutividade da rede básica municipal é fundamental para que hospitais especializados, como o Mandaqui, não fiquem sobrecarregados.
Desde o início do ano, o número de atendimentos no PS do Mandaqui vem crescendo, passando de 11 mil atendimentos em janeiro para cerca de 13 mil em agosto. Ou seja, a demanda espontânea no PS da unidade cresceu 18% neste período.
Vale destacar que o aumento de demanda do pronto-socorro do Mandaqui se dá em virtude da falta de profissionais em AMAs da região (Wamberto, Sítio do Mandaqui, Jardim Ladeira Rosa, Lauzane Paulista, Jardim Peri, Vila Medeiros e Vila Barbosa) que, por competência definida pelo Sistema Único de Saúde são as responsáveis pelo atendimento de baixa complexidade. Conforme dados do DataSUS, o número de atendimento dessas AMAs tem caído ao longo dos anos.
Como qualquer serviço de saúde, público ou privado, o Conjunto Hospitalar do Mandaqui segue critério de classificação de risco, priorizando os casos mais graves. Pacientes classificados como de baixo risco podem ter de esperar mais pelo atendimento. Entretanto, não existe agendamento prévio para realização de exames de urgência no pronto-socorro. O tempo médio de espera para liberação de resultados de exames realizados, conforme protocolo institucional, é de no máximo três horas. Portanto, não procede a informação de que pacientes do PS aguardam três horas para realizar um exame, mas podem aguardar este tempo para a liberação de resultados, o que é comum em qualquer serviço de saúde público ou privado.
Por fim, ressaltamos que a reportagem não disponibilizou os dados específicos dos pacientes retratados na matéria, o que inviabilizou a apuração específica dos casos e os devidos esclarecimentos aos leitores do jornal”.
Fonte: Estadão-16.09.2016.