Gestão

Hospital Vera Cruz e comprado por Elie Horn que planeja novas aquisições

Por Roberta Massa | 30.01.2017 | Sem comentários

Elie Horn, fundador da Cyrela e um dos principais empresários do setor de incorporação, montou um fundo “family office”, batizado de Abaporu, para investimento em diversos setores.

O primeiro negócio é na área da saúde, com a aquisição do controle do Hospital Vera Cruz, em Campinas, no interior de São Paulo, segundo o Valor apurou.

A aquisição do hospital, cujas negociações estão em fase final, foi feita em parceria com a gestora de private equity Bozano, que tem o economista Paulo Guedes como sócio.

A estratégia é que os negócios da Abaporu na área da saúde sejam feitos, preferencialmente, em conjunto com a Bozano.

Em 2016, a gestora criou uma holding, com a alemã Bertelsmann, para reunir faculdades e escolas de saúde e cogita-se que a ideia é integrá-la ao novo negócio de hospitais daqui a alguns anos.

Fundado há mais de 70 anos, o grupo Vera Cruz é formado por hospital, clínica, laboratório e um plano de saúde.

Em 2015, a receita do hospital Vera Cruz foi de R$ 252,6 milhões e da operadora de convênio médico, R$ 154 milhões.

A transação envolveu a compra do controle, e os investidores poderão, mais adiante, ter 100% do negócio.

A Cyrela não participa do capital da Abaporu. Trata-se de diversificação de investimentos de Horn, que além de controlador da segunda maior incorporadora de capital aberto do país e da Cyrela Commercial Properties (CCP), tem participação na empresa de terras agricultáveis Brasil Agro.

A aposta do empresário é que, quando a economia brasileira voltar a crescer, haverá mais demanda no setor de saúde. “Há um ano e meio, eu estava buscando oportunidades no setor de saúde”, conta o empresário, que se diz “xereta”.

A intenção é que a Abaporu se torne uma companhia de grande porte. “Se Deus quiser, vai ser uma empresa grande”, diz Horn.

A escolha do nome Abaporu, famoso quadro do modernismo brasileiro, de autoria de Tarsila do Amaral, deveu-se à beleza e à associação com o país.

“Achei o nome bonito, bem típico do Brasil e um pouco exótico. ‘Viajar’ um pouco faz bem”, diz.

Horn fará parte do conselho de administração da Abaporu, mas ainda não está definido se presidirá o colegiado. “Se sou conselheiro, já basta”, observa.

A presidência executiva da Abaporu está nas mãos de Rogério Melzi, ex-presidente da Estácio e um dos conselheiros independentes da Cyrela.

A ideia é replicar na Abaporu o modelo de governança das empresas abertas que Horn controla.

O empresário contratou Melzi devido à experiência do executivo no setor de educação, que passou por uma forte consolidação – movimento que deve se repetir no mercado de saúde.

Na avaliação do fundador da Cyrela, a economia brasileira já passou pelo fundo do poço e vive, agora, incipiente retomada. “Há um ânimo novo”, afirma Horn, destacando a redução da inflação e da taxa de juros (Selic).

Além desse ambiente macroeconômico, o setor de saúde é visto com atenção pelos investidores devido ao envelhecimento da população, que demandará mais serviços médicos e também porque, em 2015, a legislação passou a permitir o capital estrangeiro em hospitais nacionais.

Questionado sobre a opinião dos filhos Raphael Horn e Efraim Horn, co-presidentes da Cyrela, sobre a entrada no setor de saúde, o empresário disse que eles não acompanham seus investimentos privados.

O tempo parece ser “matéria-prima inesgotável” para o fundador da Cyrela, que se divide entre as empresas que controla, o “familly office” e a filantropia. “Vou morrer produzindo.

Detesto morrer quieto. O homem nasceu para produzir e não parar. Controlo tudo à minha maneira, mas não estou no dia a dia da Cyrela.”

Há quase três anos, o fundador da incorporadora passou o bastão da presidência executiva da companhia a dois de seus filhos e se manteve à frente do conselho.

“Passo quatro horas por dia na Cyrela. Antes, eram 14 horas”, compara.

O empresário dorme pouco mais de cinco horas por dia e diz ter inveja do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), “que se limita a três horas”.

Em 2016, Horn fundou o Instituto Liberta, de combate à prostituição infantil. “Estima-se que 500 mil meninas sejam vítimas de exploração sexual. Não faz sentido haver 500 mil escravas”, diz.

O Liberta tem campanha, em curso, prevista para durar dez anos, em parceria com a organização Childhood, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), governos federal e estaduais.

Os investimentos na campanha são estimados em R$ 1 bilhão, dos quais 95% resultam de parcerias, como as fechadas com veículos de comunicação.

Fonte: Valor Econômico-30.01.2017.

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