Gestão

Telefónica usa saúde para reter seus clientes

Por Roberta Massa | 03.02.2017 | Sem comentários

Uma das maiores companhias de telefonia no mundo, a Telefónica investe também em saúde.

A iniciativa que, de primeiro instante, parece inusitada faz parte de uma estratégia global da companhia para reter e conquistar novos clientes.

A Telefónica começou a investir em saúde há oito anos e tem negócios nessa área em diversos países em que já está presente.

O formato de atuação varia, de acordo com o modelo de saúde adotado pelo país. Na Espanha, 65% dos agendamentos de consultas médicas feitos na rede pública são realizados pela Telefônica.

No Chile, onde também predomina a saúde pública, cerca de 3 milhões de pessoas usam a plataforma da companhia telefônica para marcar as consultas.

Já no Peru, comercializa um software que integra sistemas administrativos de hospitais, incluindo históricos de pacientes.

No Brasil, o foco da empresa espanhola é o mercado de convênio médico.

A Telefônica adquiriu há cerca de cinco anos 50% mais uma ação da AxisMed – empresa brasileira que faz a gestão da carteira de convênio médico de companhias e também de operadoras de plano de saúde.

Em 2016, comprou a outra metade e vem reforçando investimentos na AxisMed, que emprega 180 pessoas, sendo 110 profissionais de saúde como médicos, enfermeiros e nutricionistas.

“O negócio de saúde não foi criado para a Telefónica ter um salto na receita.

É uma estratégia para fidelizar nossos clientes e entender as demandas das companhias”, disse o espanhol César Rodríguez Domínguez, CEO da AxisMed.

O executivo assumiu a operação brasileira em maio de 2016 – antes comandou a área de saúde da Telefónica em outros países.

Segundo Domínguez, a opção por investir em saúde suplementar no Brasil é porque o convênio médico representa a segunda maior despesa da área de recursos humanos das companhias, perdendo apenas para a folha de pagamento.

“O plano de saúde aumentou em média 20% no último ano, uma taxa insustentável”.

O que pode contribuir para controlar esse custo é um monitoramento rígido, com ajuda de tecnologia, diz ele.

Dentro dessa visão, a Telefónica investiu, no ano passado, US$ 6 milhões em uma plataforma tecnológica que acompanha o usuário do convênio médico e faz cruzamento de diversos dados como frequência e tipos de consultas, exames e internações, hábitos alimentares e perfil epidemiológico, entre outros.

“Com base nesses dados, conseguimos traçar uma expectativa de gastos do convênio médico.

Já acompanhamos 1 milhão [no Brasil] de pessoas e esses dados estão na nossa plataforma”, afirmou Domínguez.

A AxisMed tem um banco de dados robusto porque desde o início dos anos 2000 acompanha pacientes com doenças crônicas.

Para aumentar sua base de clientes e concorrer com consultorias que fazem trabalhos semelhantes como Aon, Marsh e Qualicorp, a Telefónica tem uma estratégia agressiva.

Ela se compromete a reduzir os gastos das companhias com plano de saúde e parte de sua remuneração considera o cumprimento da meta prometida.

No Brasil, a AxisMed acompanha uma carteira com 1,3 milhão de pessoas, sendo que cerca de 1 milhão são funcionários de 25 companhias ou usuários de quatro operadoras de planos de saúde. E, cerca de 250 mil são clientes da Telefônica que recebem dicas de saúde pelo celular.

Um dos projetos da companhia daqui para frente é integrar dispositivos médicos com o celular.

Com isso, a AxisMed poderá acompanhar, por exemplo, indicadores de glicemia de um paciente diabético sem precisar telefonar constantemente para esse paciente como faz hoje.

A AxisMed tem uma equipe com 180 pessoas, sendo que 110 são médicos, enfermeiros, nutricionistas e outros profissionais de saúde.

Fonte: Valor Econômico-03.02.2017.

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