Qualidade

No SUS falta droga básica para tratar AVC, aponta levantamento do CFM

Por Roberta Massa | 31.07.2017 | Sem comentários

Em levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM). com neurologistas do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o país, cerca de 57% dos médicos afirmam não contar, no serviço público, com mecanismos para triagem e identificação imediata de pacientes que sofreram AVC (acidente vascular cerebral).

Não há também, segundo 32%, acesso à tomografia em até 15 minutos.

Hideraldo Cabeça, da câmara técnica de neurologia e neurocirurgia do CFM, diz que a tomografia e a triagem são importantes para diferenciação entre um AVC isquêmico –com interrupção do fluxo sanguíneo, quadro mais comum– e AVC hemorrágico –quando há rompimento dos vasos sanguíneos.

Sem essa identificação precisa, não há como aplicar o tratamento apropriado.

“Dependemos do tempo para realizar o atendimento até 4h após o AVC. Quanto mais tempo se demora, menor a chance do indivíduo se recuperar e mais pacientes ficam com sequelas”, diz.

Cerca de 53% dos médicos na pesquisa afirmam não contar com medicamentos trombolíticos, que promovem a desobstrução das artérias, para o tratamento imediato dos pacientes.

“Mais de 50% dessa população de médicos dizem que não era possível fazer o básico”, diz Cabeça.

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Contudo, segundo Daniel Ciampi, neurologista do Hospital das Clínicas e professor da USP, os problemas vão além de chegar rápido ao hospital –dificuldade presente em todo o mundo.

“Uma coisa é a identificação do tipo de derrame. A população geral saber que alguém está tendo um AVC é outro problema”, diz Ciampi.

Os sinais de um AVC são falta de resposta e fraqueza repentina de um lado só do corpo, boca torta e dificuldades de fala.

Ciampi também diz que o treinamento para clínicos gerais e emergencistas reconhecerem e saberem tratar um AVC é importante, tendo em visa que seria impossível haver neurologistas de plantão em todos os lugares.

“Em hospitais-escolas não falta remédio. Mas não sei se em um hospital pequeno vai ter trombolítico e médico treinado para fazer trombólise [ruptura do trombo que causou o AVC].”

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em 2012, os AVCs provocaram mais de 6 milhões de mortes no mundo.

A condição também é uma das principais responsáveis por incapacitação de pessoas.

Obesidade, diabetes, colesterol alto, hipertensão, estresse, sedentarismo e, em mulheres com enxaqueca, o uso de pílula anticoncepcional podem ser fatores de risco.

Segundo Cabeça, os dados obtidos na pesquisa serão encaminhados ao Ministério da Saúde.

Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde não se manifestou até o fechamento desta edição.

Fonte: Folha de São Paulo-31.07.2017.

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