Operadoras de planos de saúde buscam redução de custos
Por Roberta Massa | 29.08.2017 | Sem comentáriosFazer a gestão da saúde é a prioridade máxima para as operadoras de planos privados, num cenário de receita em baixa e custos em alta.
Para se ter uma ideia do problema, os gastos com saúde crescem em ritmo mais acelerado que o da inflação geral de preços ao consumidor no Brasil.
Entre 2008 e 2016, a série assinala um acúmulo de 179,3% nas despesas assistenciais per capita.
Enquanto a variação do IPCA foi de 72,5%, segundo a publicação ‘Por Dentro da Saúde Suplementar – Variação da Despesa Assistencial Per Capita’.
A média mundial situa-se abaixo de 45%.
“Essa escalada onera, em última instância, os contratantes individuais, as empresas e dificulta o equilíbrio econômico-financeiro das operadoras de planos e seguros de saúde”, Solange Beatriz.
Para driblar reajustes acima do suportado pelo bolso do consumidor a saída tem sido a tecnologia, tanto para reduzir custos administrativos, evitar fraudes e desperdícios.
Como para oferecer programas de prevenção que melhorem a qualidade de vida dos pacientes e, consequentemente, reduzam as idas ao médico e hospitais.
A Amil tem vários projetos em curso.
A partir de setembro, os 1,4 milhão de usuários que têm plano com co-participação (o usuário paga um percentual do serviço utilizado) poderão acessar um simulador.
Com geolocalização, que permite a escolha dos serviços médicos mais próximos.
“Ao clicar no serviço, o sistema reconhece o tipo de plano e mostra ao cliente o valor que será descontado dele na folha de pagamento”, diz Sergio Ricardo Santos, CEO da Amil.
Outra ação pioneira é o uso de token para validação do atendimento, que recebeu cerca de R$ 5 milhões em investimento e começou em agosto.
Além de um ganho evidente para o cliente, os prestadores de serviços terão a vantagem da confirmação de que o plano do cliente realmente dá direito aos procedimentos que serão realizados no local.
O token também ajudará a reduzir o número de fraudes no sistema.
Só este ano, a operadora registrou mais de 1,5 mil denúncias, das quais 246 foram confirmadas como fraudes, abusos e desperdícios.
A expectativa é de que até dezembro todos os 6,1 milhões de clientes passem a utilizar o método.
Principal aposta da SulAmérica é no Programa Saúde Ativa, que busca soluções de prevenção e gestão de doentes crônicos a partir de uma visão holística do bem estar.
Atualmente, o programa mantém mais de 75 mil segurados ativos em alguma das iniciativas.
“Temos mais de 26 mil segurados em acompanhamento por Consultor de Bem-Estar”, informa Mauricio Lopes, vice-presidente de saúde da SulAmérica.
São mais de 30 mil segurados ativos na iniciativa Envelhecimento Saudável e 34 mil avaliações de bem estar preenchidas na plataforma on-line do programa.
A orientação médica telefônica está disponível para mais de 1 milhão de beneficiários.
Outra ação que tem feito sucesso na SulAmérica é o reembolso digital por meio do celular.
A novidade, que tem um arsenal de inteligência artificial por trás, conquistou os clientes logo no primeiro mês de lançamento.
“Facilitou a vida do cliente, que faz tudo pelo celular, e ajudou a reduzir os custos da companhia, que tinha centenas de pessoas para cuidar deste assunto e agora tem menos de 10.”
Um dos destaques da gestão na Bradesco Saúde é o programa Meu Doutor, Segunda Opinião Médica e a Novamed.
Que oferecem atendimento ambulatorial primário em várias especialidades, realiza consultas, exames de apoio diagnóstico e procedimentos cirúrgicos.
“O objetivo do programa é ter o auto conhecimento, oferecer ferramentas para o auto cuidado e o resultado é a melhora da qualidade de vida da pessoa.
Da falta ao trabalho e também a redução do valor do plano de saúde”, diz Flávio Bitter, diretor da Bradesco Saúde.
Consulta pode ser agendada on-line com mais de 500 médicos que já aderiram ao programa até mesmo para o mesmo dia.
O que evita a ida de pessoas com sintomas corriqueiros a um atendimento de urgência em Pronto Socorro.
Que além de elevar o custo em mais de cinco vezes, ainda coloca o paciente em risco de ser submetido a tratamentos e medicações muitas vezes desnecessários.
Na Unimed do Brasil, a novidade está no Registro Eletrônico de Saúde.
Trata-se de uma plataforma desenvolvida internamente, que reúne informações sobre a saúde do indivíduo.
Como históricos clínicos, exames e internações, permitindo que os dados sejam consultados entre sistemas e unidades de saúde de todo o Sistema Unimed.
“Os beneficiários terão mais eficiência e agilidade nos atendimentos”, cita o presidente Orestes Pullin. A plataforma já está implementada no Ceará e no Paraná.
“Ainda é um universo pequeno, de 70 mil beneficiários, dentro dos 200 mil que são nosso foco de atenção, mas tem se mostrado muito significativo”, afirma.
Fonte: Valor Econômico – 29.08.2017.