Tecnologia avança com tratamentos menos invasivos
Por Roberta Massa | 26.04.2018 | Sem comentáriosInvestimentos em inovação e tecnologia têm contribuído para aperfeiçoar tratamentos de saúde que visam aumentar a longevidade de pacientes.
Supercomputadores auxiliam no combate ao câncer e novos aplicativos prometem acompanhamento personalizado para idosos.
Na IBM, uma das novidades é o Watson for Oncology, sistema baseado em inteligência artificial para o tratamento de pacientes com câncer.
A plataforma pode auxiliar a equipe médica na identificação de cuidados customizados, diz Fabio Mattoso, líder de Watson Health na IBM Brasil.
“Os especialistas inserem as informações do paciente no sistema, que busca toda a literatura médica disponível para o melhor tratamento”, explica.
Na prática, o supercomputador recomenda as melhores opções terapêuticas para cada caso, com base na análise de um banco de dados.
O Watson acessa, em segundos, 15 milhões de conteúdos científicos, incluindo 200 textos médicos e 300 artigos.
Lançado em 2016, é utilizado em mais de 50 hospitais em 13 países, como Estados Unidos e China.
Na América do Sul, a primeira instituição de saúde a adquirir a tecnologia foi o Hospital do Câncer Mãe de Deus, de Porto Alegre (RS), no ano passado.
Recentemente, o Hospital Haroldo Juaçaba-Instituto do Câncer do Ceará (ICC) adotou o recurso.
“Além de garantir que os pacientes estarão recebendo os tratamentos mais atualizados na área, o Watson ainda pode aumentar a velocidade do atendimento.”
A personalização do cuidado médico também é uma preocupação da americana Sharecare.
A marca lançou, em fevereiro, no Brasil, um aplicativo gratuito de mesmo nome, que reúne todas as informações de saúde do usuário.
“A plataforma tem muito a contribuir para o alcance da longevidade, intimamente associada à adoção de práticas saudáveis no dia a dia”.
Explica Ana Cláudia Pinto, diretora de produtos e soluções digitais da Sharecare Brasil.
O aplicativo promete fazer a gestão da saúde do usuário, monitorando dados como peso e taxas de colesterol.
Hábitos como o tabagismo, além de fornecer dicas para mudanças de comportamento.
Segundo a empresa, é capaz de reconhecer padrões na voz e identificar o nível de estresse nas ligações feitas pelo assinante.
No Brasil, a meta da companhia é alcançar entre três e cinco milhões de usuários até o final de 2018.
O serviço, gratuito para o público em geral, é cobrado de empresas, operadoras de saúde e governos, de acordo com o número de cadastros e tipo de acesso.
A Sharecare também mantém o programa Envelhecimento Saudável, dedicado a pessoas com mais de 65 anos.
Com o intuito de melhorar a qualidade de vida e reduzir custos com saúde.
“Embora a população idosa seja a mais afetada por doenças crônicas, como osteoporose e Alzheimer.
É possível retardar o avanço de algumas delas e até mesmo preveni-las”, diz Ana Cláudia.
No programa, uma equipe multidisciplinar seleciona os perfis que precisam de orientação, por meio de mensagens de texto (SMS), telemonitoramento e visitas domiciliares.
Os cuidados podem reduzir custos ambulatoriais e de internações de até R$ 742 ao mês, segundo Ana Cláudia.
O atendimento é realizado por mais de 150 profissionais, como enfermeiros e nutricionistas.
Em 2017, A Sharecare investiu R$ 17 milhões em soluções para o nicho de longevidade.
Em 2018, a meta é aplicar R$ 23 milhões, nos programas de gestão, equipes de saúde e comunicação.
Para Fabrício Campolina, coordenador do grupo de trabalho Saúde 4.0 da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed).
Um das tendências no setor é o aparecimento de recursos ligados a tratamentos menos invasivos, que diminuem o risco cirúrgico.
Em oncologia, um caminho promissor é o de nanorobôs, que poderão ser ingeridos.
Terão a capacidade de identificar células cancerígenas, se ligar a elas por meio de processos mecânicos e destruí-las, sem afetar as partículas saudáveis, diz.
A cirurgia 4.0, evolução da atual intervenção robótica, também deve se tornar mais digital.
“Por meio da inteligência artificial, será sugerido, em tempo real, a melhor conduta a ser adotada durante um procedimento”, afirma Campolina.
Fonte: Valor Econômico – 26.04.2018.