Tecnologia

Robô eleva adesão a cirurgia para tratar o câncer de próstata

Por Roberta Massa | 19.11.2018 | Sem comentários

Técnica reduz tempo de internação e riscos, afirmam médicos; País tem 45 aparelhos. Quando chegaram ao Brasil, há uma década, os três robôs utilizados em cirurgias eram uma aposta para procedimentos cardiológicos.

Com o passar dos anos, eles se expandiram, hoje somam 45 e acabaram ganhando mais destaque na área urológica, principalmente para casos de câncer de próstata.

Segundo médicos, os robôs ajudam na adesão do paciente ao tratamento: por serem mais precisos, reduzem o tempo de internação e os efeitos colaterais, como disfunção erétil e incontinência urinária.

O paciente aceita melhor o tratamento cirúrgico  (com robô) e, embora os riscos não sejam zero, são menores”.

Diz José Roberto Colombo Júnior, urologista e especialista em cirurgia robótica urológica do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo o médico, o risco de incontinência após a cirurgia robótica varia de 2% a 3%. Já na convencional, é de 5%.

Em relação à disfunção erétil, influenciam fatores como a própria função erétil antes da cirurgia, idade e condição de saúde – pacientes obesos e com diabete têm mais chance.

“Com a operação robótica, a possibilidade de preservar (a função) é de 80%.”

Segundo Flavio Trigo, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a cirurgia robótica cresceu no País especialmente nos últimos dois anos.

Em vez um médico segurar a pinça, fazer os “furinhos” e extrair o tumor, é o robô quem executa os movimentos.

“A recuperação é mais rápida e o tempo de internação cai pela metade – um ou dois dias no hospital.”

Lean Six Sigma

Urologista e especialista em cirurgia robótica do Hospital Sírio-Libanês, Anuar Mitre explica que o procedimento realmente tem vantagens, mas que as demais técnicas também têm sucesso.

“A cirurgia robótica aperfeiçoou a cirurgia, mas é a mesma que se faz de forma convencional ou laparoscópica. Quem não tem acesso a ela pode ser tão bem tratado quanto.”

Em relação à cura, segundo Mitre, a cirurgia é uma das formas mais importantes de tratamento e que apresenta os melhores resultados.

São Paulo é o Estado com maior número de equipamentos. Rio, Minas, Rio Grande do Sul, Paraná, Brasília, Pernambuco, Ceará e Pará também têm aparelhos.

Segundo a empresa H. Strattner, especializada em cirurgia minimamente invasiva e responsável pela distribuição dos robôs no País.

Ainda de acordo com a companhia, os robôs em operação no Brasil devem realizar ao longo deste ano 8,5 mil cirurgias, sendo 5 mil urológicas e 90% delas, de próstata.

A tecnologia está disponível nas redes privada e pública, em instituições como o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

O Hospital de Amor (antigo Hospital de Câncer de Barretos) e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Ao saber do diagnóstico de câncer de próstata de um dos irmãos, em 2011, o administrador Jorge Miguel Rebane Neto, de 54 anos, resolveu fazer o exame periódico.

Estava com 47 anos e fazia o monitoramento desde os 45, pois o pai havia tido a doença, mas naquele ano atrasara o retorno ao médico.

Foi sua sorte. “Eu também estava com câncer de próstata.”

Rebane Neto foi submetido à cirurgia num domingo, na segunda-feira estava andando e na terça, saiu do hospital “Passei pela operação em novembro e em fevereiro já tinha voltado a correr.

Só tive surpresas boas e meu grau de satisfação é de 100%”, relata o administrador.

Teste genético

Além da cirurgia robótica, cresce no País o uso do rastreamento genético, indicado para familiares de pacientes que tiveram formas agressivas da doença.

“Mesmo quando não há histórico familiar, a chance de achar mutação genética pode chegar a 11%.

No caso de homens com PSA (enzima que mede atividade tumoral) muito alto e metástase”, diz a oncologista Maria Nirvana Formiga, do Departamento de Oncogenética do A.C.Camargo Cancer Center.

Após passar por cirurgia robótica para remover a próstata em 2012, o aposentado Francisco Lobianco, de 68 anos, recebeu indicação para o rastreamento.

O teste mostrou predisposição também para câncer de pâncreas, estômago e pele. A filha dele fez o teste e deu negativo.

Ele está juntando dinheiro para que o filho também faça.  “Fiquei muito mais cuidadoso. Apareceu uma gastrite num exame e fui fazer o tratamento imediatamente.

E tomo mais cuidado com a pele.”

O que é

Localizada entre a bexiga e a uretra, a próstata é uma glândula que tem a função de produzir grande parte do líquido seminal, que nutre os espermatozoides.

Doenças

Duas doenças podem atingi-la: a hiperplasia prostática benigna (aumento da glândula, que pode ocorrer com o envelhecimento) e câncer (mais raro).

?Exames

Exames preventivos (PSA e toque retal) devem ser feitos a partir dos 50 anos. Em caso de histórico familiar, o monitoramento deve começar antes, aos 45.

“Com o diagnóstico precoce, a chance de cura é de 90%”, diz Flavio Trigo, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.

?Tratamento

Caso o câncer seja detectado, o tratamento a ser adotado será definido pelo médico. Nem todos os tumores precisam ser removidos imediatamente.

“A gente não precisa tratar todos os casos. São feitos exames de sangue e biópsias para acompanhar o tumor”.

Explica José Roberto Colombo Júnior, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Fonte: Estadão – 19.11.2018.

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