Inovação

Ministro da Saúde anuncia parceria com BRICS para desenvolver tratamento contra o câncer

Por Redação GeHosp | 10.07.2025 | Sem comentários

Alexandre Padilha afirma que Brasil irá produzir nacionalmente a tecnologia, ampliando acesso à terapia revolucionária que “ensina” o sistema imunológico a enxergar e destruir células cancerígenas

O Brasil está dando passos importantes rumo à nacionalização de uma das terapias mais promissoras da medicina moderna: o CAR-T Cell, um tratamento revolucionário contra o câncer que manipula geneticamente as células de defesa do próprio paciente para combater tumores.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou uma parceria com os países do BRICS para desenvolver essa tecnologia em território nacional, numa tentativa de reduzir custos e ampliar o acesso a um tratamento que hoje pode ultrapassar R$ 3 milhões por paciente.

A terapia CAR-T representa um marco na oncologia mundial, com mais de 30 mil pessoas já tratadas nos Estados Unidos desde 2017.

No Brasil, o primeiro paciente foi tratado de forma experimental em 2019, mas as primeiras drogas só foram aprovadas pela Anvisa em 2022.

“São drogas vivas, chamadas de terapia celular, que aprimoram o sistema de defesa do paciente para que ele promova a cura através da destruição das células do câncer”, explica Renato Cunha, hematologista e líder nacional de terapia celular da Oncoclínicas.

“Dentre elas, o CAR-T é uma nova modalidade de tratamento que, pela sua importância, insere-se como um novo pilar na jornada de tratamento do paciente, junto com a imunoterapia, quimioterapia e radioterapia.”

Como funciona a revolução genética

O processo é tecnicamente complexo e altamente personalizado. As células T do sistema imunológico são extraídas do sangue do paciente através de um procedimento similar à hemodiálise, chamado aférese.

Essas células são então enviadas para laboratórios especializados – atualmente localizados nos Estados Unidos ou Europa – onde passam por modificação genética.

“Um vetor viral é usado como auxiliar e introduzido na célula T extraída, que passa a reconhecer o antígeno específico do câncer e o ataca”, detalha Cunha.

“É uma combinação que envolve modificação gênica, imunoterapia e terapia celular para gerar uma medicação personalizada para cada paciente.”

Após duas a três semanas, as células modificadas retornam ao Brasil e são reinfundidas no paciente, que antes passa por uma quimioterapia preparatória.

Uma vez no organismo, essas células se multiplicam e atacam especificamente as células tumorais.

“De forma simplificada, as células geneticamente modificadas adquirem a capacidade de ‘enxergar’ e destruir as células cancerígenas, descobrindo onde estão os ‘inimigos’ que estavam enganando os mecanismos de resistência do sistema de defesa humano do paciente”, explica o especialista.

Resultados promissores, mas limitações claras

Atualmente, a terapia CAR-T está aprovada para um número limitado de cânceres hematológicos – aqueles que afetam o sangue, como leucemias, linfomas e mieloma múltiplo.

Nesses casos, os resultados têm sido impressionantes, com casos documentados de cura em pacientes que não tinham mais nenhuma opção terapêutica.

Para tumores sólidos – como pulmão, mama, estômago e pâncreas – os resultados ainda são limitados. “O microambiente dos tumores sólidos é mais hostil: as células de defesa muitas vezes morrem antes de conseguir agir”, explica Cunha.

Ainda assim, diversos estudos estão em andamento para superar essa limitação, inclusive no Brasil.

Todavia, o principal obstáculo para a democratização da terapia CAR-T está relacionado ao seu custo elevado. Entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões por paciente, o valor engloba todo o processo: coleta, modificação genética, envio para o exterior, internação e monitoramento especializado.

“A terapia com CAR-T é individualizada, então o custo sobe muito. Mas parte disso vem também da dependência externa”, analisa Cunha, destacando que a nacionalização poderia reduzir significativamente esses valores.

Atualmente, o SUS não oferece esse tratamento. Alguns planos de saúde cobrem as terapias celulares aprovadas pela Anvisa, como Tisa-cel, Axi-cel e Cilta-cel, mas há divergências sobre como classificar o produto – se como medicamento ou procedimento – o que tem travado parte dos reembolsos.

Nacionalização como solução

A proposta do ministro Padilha de desenvolver a produção nacional em parceria com os países do BRICS representa uma tentativa de contornar esses desafios.

Algumas instituições brasileiras já iniciaram pesquisas nessa direção, com a Fiocruz e o Instituto Butantan desenvolvendo projetos para produção nacional de células CAR-T.

“Falta capacidade de produzir rapidamente grandes quantidades de células. Precisamos de novas tecnologias para o processamento”, reconhece Cunha, que também destaca os desafios técnicos da nacionalização.

Para o especialista, o desenvolvimento dessa nova frente de atuação demanda uma intensa troca de conhecimento com centros internacionais. 

Avanços práticos no Brasil

Hoje, o SUS não oferece esse tratamento, mas algumas entidades privadas do país contam com autorização e estão aptas a incluir o CAR-T na linha de cuidados oncológicos.

Esse é o caso da Oncoclínicas, se tornou um dos poucos centros autorizados a realizar o procedimento no país, com os primeiros tratamentos realizados em pacientes em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

“Contamos com uma equipe de médicos hematologistas, especialistas e outros profissionais da saúde que foram treinados para garantir o que há de melhor e mais moderno dessa nova linha de cuidado onco-hematológica”, ressalta Cunha.

“Através desse modelo, conseguimos atender e encaminhar para tratamento com células CAR-T pacientes de qualquer região do Brasil.”

Para Cunha, a terapia celular marca o início de uma nova era na medicina. “Não acho que o CAR-T será uma solução única capaz de curar todos os tipos de cânceres, mas certamente é uma alternativa eficaz para uma parcela considerável de casos da doença.

Cada vez mais a ciência e a oncologia caminham para tornar o câncer com altas chances de cura e, acima de tudo, com qualidade de vida”, projeta.

O Ministério da Saúde ainda não deu detalhes da parceria com o BRICS, mas a promessa de integrar o Brasil à cadeia de desenvolvimento da terapia CAR-T é vista com esperança.

Para que o plano se concretize, o líder de terapia celular da Oncoclínicas avalia que será preciso enfrentar desafios que vão além da tecnologia, principalmente o financiamento de um tratamento que, mesmo nacionalizado, continuará sendo caro devido à sua natureza personalizada. 

“A terapia CAR-T continua avançando no país, já oferecendo esperança para pacientes com cânceres hematológicos em estágio avançado e abrindo caminho para uma nova era na luta contra o câncer.

É imperativo que sigamos buscando alternativas para que questões de acesso e custo sejam superados, permitindo que possamos oferecer com equidade a todos os pacientes brasileiros as melhores alternativas de tratamento”, finaliza Renato Cunha.

Sobre a Oncoclínicas&Co  

Oncoclínicas&Co é o maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina, com um modelo hiperespecializado e inovador voltado para a jornada oncológica.

Com um corpo clínico formado por mais de 2.900 médicos especialistas em oncologia, a companhia está presente em 40 cidades brasileiras, somando mais de 140 unidades.

Com foco em pesquisa, tecnologia e inovação, o grupo realizou nos últimos 12 meses cerca de 682 mil tratamentos.

A Oncoclínicas segue padrões internacionais de excelência, integrando clínicas ambulatoriais a cancer centers de alta complexidade, potencializando o tratamento com medicina de precisão e genômica. Parceira exclusiva no Brasil do Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Harvard Medical School, adquiriu a Boston Lighthouse Innovation (EUA) e possui participação na MedSir (Espanha).

Integra ainda o índice IDIVERSA da B3, reforçando seu compromisso com a diversidade.

Com o objetivo de ampliar sua missão global de vencer o câncer, a Oncoclínicas chegou à Arábia Saudita por meio de uma joint venture com o Grupo Al Faisaliah, levando sua expertise oncológica para um novo continente.

Fonte: Assessoria de Comunicação Oncoclínicas

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