Saúde

4 grandes avanços da saúde pública no Brasil

Por Roberta Massa | 18.08.2016 | Sem comentários

Definitivamente não é segredo que o sistema de saúde público brasileiro ainda está longe de figurar entre os mais eficientes do mundo, mas é importante ponderar que tais comparações com outras nações devem levar em conta que nenhum país no planeta tem um modelo de prestação de saúde universal e gratuito tão completo, inclusivo e abrangendo um volume tão grande de cidadãos.

O Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que oferece saúde de forma gratuita, financiando os serviços por meio do pagamento de impostos.

Além do volume, alcançando um contingente de mais de 200 milhões de cidadãos, a diversidade de tratamentos cobertos também chama a atenção de gestores públicos de saúde estrangeiros. Só em 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou mais de 4 bilhões de atendimentos em ambulatórios, 11,5 milhões de internações e 1,4 bilhão de consultas.

Por mais que a saúde pública nacional seja cheia de falhas, sofrendo com a falta de investimentos ao longo de décadas, tendo sucateado a infraestrutura do modelo e demorando bem mais que o ideal para usufruir das novas tecnologias do setor (como Prontuário Eletrônico do Paciente, agendamentos online e sistemas de gestão integrada), é preciso reconhecer que os últimos anos registraram avanços importantes. Vamos dar uma olhadinha em alguns? Acompanhe:

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Programa Mais Médicos

Inicialmente bastante criticado por trazer profissionais do exterior para cuidar dos nossos cidadãos, esse programa acabou se revelando um sucesso, uma vez que conseguiu levar especialistas de saúde a localidades de difícil acesso, regiões pelas quais médicos brasileiros não demonstravam interesse.

Até 2015, o Programa Mais Médicos já havia enviado mais de 14 mil profissionais a quase 4 mil municípios, beneficiando 50 milhões de cidadãos que antes não tinham acesso a serviços básicos de saúde — como vacinação, tratamento odontológico, acompanhamento psicossocial, dentre outros.

De acordo com dados do Governo Federal, o programa permitiu que todos os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) disponibilizassem ao menos um médico à população local.

O objetivo traçado em 2015 era preencher mais 4.146 vagas, estendendo a cobertura assistencial a aproximadamente 63 milhões de pessoas, distribuídas em 4.058 municípios.

E é simplesmente impossível ignorarmos esses números, especialmente se nos lembrarmos que, antes da implementação da iniciativa, estados como Maranhão, Pará e Amapá contavam com menos de um médico para cada 100 mil habitantes.

Tratamento contra HIV e AIDS

Antes de mais nada, vale fazermos uma diferenciação nada básica: HIV e AIDS não são sinônimos! HIV é o vírus e AIDS é a doença que, em alguns casos, acaba se manifestando por força desse vírus.

De toda forma, em ambos os casos, o aumento no volume de tratamentos ocorridos nos últimos anos é recorde, refletindo a atenção do Estado à doença que dizimou a população mundial nos anos 80 e 90.

Destaque também para a diminuição do número de contaminações, fruto do fortalecimento do tratamento e da distribuição de medicações de alto custo de forma gratuita pela rede pública.

Entre 2009 e 2015, o número de cidadãos em tratamento no Sistema Único de Saúde aumentou 97%, passando de 231 mil para 455 mil, segundo dados do Ministério da Saúde.

Só em 2015, 81 mil brasileiros começaram seus tratamentos, o que representa um aumento de 13% em relação ao ano anterior.

Porém o dado mais expressivo contido nos relatórios divulgados pelo Ministério diz respeito à supressão viral: 91% dos brasileiros portadores do vírus HIV em tratamento há no mínimo 6 meses já apresentam uma carga viral indetectável no organismo.

Campanhas de cunho preventivo

Em 2013, um levantamento do Governo Federal constatou que o investimento em campanhas de conscientização social sobre a necessidade de se fazer medicina preventiva começava a dar resultados.

O percentual de mulheres que haviam feito uma mamografia, por exemplo, mostrou elevação significativa passando de 71,1% em 2006 para 78% em 2013.

E no que se refere às campanhas sazonais de vacinação, os resultados também têm sido satisfatórios. Basta observar que, logo nos primeiros dias da campanha nacional de vacinação contra H1N1, quase 50% do público-alvo já havia sido vacinado.

E com esses números só podemos entender que as políticas de comunicação do Estado na área de saúde vêm apresentando melhoras.

Descentralização da atenção primária

Os últimos anos marcaram a adoção de uma política de saúde de maior descentralização e aproximação dos serviços de atenção primária à população mais carente.

A partir dessa concepção, surgiram programas como o Rede Cegonha, criado em 2011, que visa implantar uma rede de cuidados à gestante, comportando o acompanhamento completo no pré-natal, no parto, no nascimento e no desenvolvimento da criança.

Outra estratégia interessante é o Programa Saúde na Escola, fruto da articulação entre os Ministérios da Saúde e da Educação, com vistas a levar profissionais às salas de aula para trabalhar a conscientização dos estudantes em relação à prevenção de doenças, além de realizar avaliações clínicas e psicossociais.

Em 2014, mais de 18 mil alunos já haviam sido atendidos só em Aracaju!

Há ainda outras iniciativas interessantes, como o Consultório na Rua. Implantado em 2011, o programa objetiva aumentar o acesso da população de rua aos serviços de saúde. Para você ter uma ideia da amplitude da ação, até 2014, a cidade de Curitiba já havia atendido quase 2 mil cidadãos nessas condições.

Aos demais, existe também um programa similar, chamado Brasil Sorridente, que em 2013 já contava com mais de 22 mil equipes de saúde bucal atuando em todo o território nacional.

É claro que ainda há muito a ser feito para elevar a saúde pública a um nível digno, especialmente no que se refere à captura dos dados da rede por meio de sistemas de gestão, mas a verdade é que, diante de tantos avanços, é simplesmente impossível negar que o SUS não merece apenas críticas, concorda?

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Fonte: MV-Sistemas de Gestão em Saúde-18.08.2016

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