Opinião

Unidade Básica quebra o protocolo das séries médicas

Por Roberta Massa | 06.09.2016 | Sem comentários

A Unidade Básica da ficção consegue sem bem mais real do que aquela que vemos no horário eleitoral gratuito.

No jargão da dramaturgia, dá-se o nome de laboratório ao processo de imersão do ator no universo do personagem. A primeira coisa a se dizer sobre Unidade Básica, nova série do Universal Channel que estreia dia 11, é que seu elenco elevou essa experiência ao estado da arte.

A construção da narrativa dos casos que inspiram os episódios foi feita após muito debate com a comunidade médica. Mas não foi só isso.

Antes de assumir o papel de um médico de família que trabalha há mais de 10 anos em uma Unidade Básica de Saúde da periferia de São Paulo, Caco Ciocler acompanhou profissionais da área em visitas domiciliares e circulou pelas ruelas de alguns dos bairros mais pobres da cidade.

Ele é o nome mais conhecido de um time de atores maduros. Estão lá Ana Petta, Carlota Joaquina, Vinícius de Oliveira, Bianca Müller e Ivo Müller. A sintonia entre eles é tanta que o espectador é transportado para a sala de espera de uma Unidade Básica em um dia como outro qualquer.

Só que não existem dias comuns quando convivemos diariamente com situações extremas. E é nesse ponto que a série, a primeira produção brasileira do Universal, escancara o abismo que existe entre o protocolo médico elaborado nos gabinetes e a complexidade da dinâmica familiar.

A série vai estrear em plena campanha eleitoral. É o momento em que os candidatos e suas equipes de TV costumam visitar os grotões para anunciar a solução de todos os problemas da saúde.

A Unidade Básica da ficção consegue ser bem mais real do que aquela que vemos no horário eleitoral gratuito. Mas não pensem que se trata de uma série pesada. Pelo contrário.

Há leveza, romance, sensibilidade e até humor nas histórias. E o melhor: são todas inspiradas em casos reais.

O projeto nasceu de uma ousadia que tinha tudo para não sair do papel em tempos de crise. A atriz Ana Petta e sua irmã, Helena Petta, que é médica infectologista, tiveram a ideia.

O roteirista Newton Cannito colocou no papel, a produtora Gullane comprou o peixe e o Universal teve coragem colocar no ar. Coragem porque não é todo dia que um canal se arrisca a sair da zona de conforto.

Seria muito mais fácil fazer uma versão brasileira de “House”, “Greys Anatomy” ou “E.R”. Talvez fosse mais lucrativo também. Unidade Básica felizmente optou pelo caminho mais difícil.

Fonte: Folha de São Paulo-06.09.2016.

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