Empreendedorismo

Roche traz nova unidade de negócios voltada a Serviços de Saúde

Por Roberta Massa | 08.12.2016 | Sem comentários

A farmacêutica Roche acaba de abrir uma nova unidade de negócios no Brasil, que marca a entrada da gigante suíça no mercado de serviços de saúde na América Latina.

Mas do que representar um novo negócio, a Foundation Medicine (FMI) vai alavancar as pesquisas e o desenvolvimento de novas terapias contra o câncer.

Área que corresponde a 65% do faturamento da Roche, explicou ao Valor o presidente da farmacêutica no país, Rolf Hoenger.

Voltado a pacientes com cânceres agressivos ou avançados, entre eles de pulmão e hematológico.

O serviço inovador oferecido pela Roche no país amplia as chances de sucesso no tratamento da doença ao determinar, a partir de biópsia, o perfil genético do tumor e as alterações moleculares que contribuem para seu avanço.

Informações do paciente são comparadas às disponíveis em um banco de dados que tem mais de 100 mil casos de câncer no mundo, possibilitando ao médico escolher uma terapia mais precisa e individualizada.

No tipo mais comum de câncer de pulmão, por exemplo, 35% dos pacientes não são identificados com metodologias atuais e poderiam ser tratados de forma mais eficiente se submetidos ao teste desenvolvido pela FMI, que possibilita um diagnóstico mais refinado da doença.

“Isso dá opção ao paciente, porque é possível conhecer as mutações existentes, as terapias disponíveis e os medicamentos que estão em fase de pesquisa clínica”, afirmou Hoenger.

Inicialmente, a previsão da Roche é que 500 pacientes utilizem o serviço de diagnóstico, cujo preço varia de R$ 13 mil a R$ 15 mil, a cada ano no Brasil.

Com a eventual adesão de convênios médicos, esse número crescerá.

De acordo com o presidente da farmacêutica, já há conversas em andamento com planos de saúde no país.

Mas por enquanto o serviço somente é oferecido para atendimento particular – Einstein e Sírio-Libanês já são parceiros da Roche.

“Ainda estamos no início e a próxima fase é conseguir que os convênios vejam valor nesse serviço”, comentou.

Nos Estados Unidos, a UnitedHealth, que é dona da Amil, reembolsa seus pacientes pelo teste.

A partir da realização da biópsia, que requer prescrição médica, o tempo médio estimado para recebimento do relatório final pelo médico solicitante é de 20 a 30 dias.

Os dois serviços de informação molecular oferecidos pela Roche são capazes de identificar mutações nos 315 relacionados genes relacionados ao câncer e tidos como determinantes de tumores sólidos.

Além de interpretar informações de sequenciamento do DNA de 405 genes e do RNA de 265 genes ligados ao câncer no sangue e sarcomas.

“A razão pela qual compramos 56,3% da FMI não é simplesmente vender o serviço.

O maior potencial é o desenvolvimento de novos medicamentos”, afirma Hoenger.

Segundo o executivo, a operação complementa o que a farmacêutica suíça vem fazendo em medicina personalizada e outros laboratórios também se beneficiarão das informações coletadas pela FMI para o desenvolvimento de novas terapias.

“Uma empresa sozinha não conseguirá fazer tudo”, diz.

A aquisição da fatia majoritária na FMI, um dos expoentes mundiais na área de análise molecular e genômica (uma área da genética), foi firmada em janeiro de 2015 e superou a casa de US$ 1 bilhão.

A Roche poderá investir outros US$ 150 milhões para acelerar o desenvolvimento de novos produtos pela FMI, cujo serviço já existia desde 2014 no Brasil, porém com poucos pacientes.

De acordo com Hoenger, o ano de 2016 foi mais desafiador para a operação brasileira.

Que tem cerca de 30% de seu faturamento gerado no mercado público – e cortes no orçamento afetaram de forma importante os gastos públicos com saúde.

Ainda assim, as receitas no país devem crescer, com expectativa de retomada de ritmo no ano que vem.

“Vamos cumprir o que prometemos a Basileia [matriz da farmacêutica]”, disse. Em 2015, o faturamento da Roche no Brasil foi de R$ 2,6 bilhões.

No país, a multinacional tem sua sede comercial em São Paulo (SP) e opera uma fábrica no Rio de Janeiro (RJ) e um centro de distribuição em Anápolis (GO).

Até o fim de 2017, a unidade fabril de Jacarepaguá terá sua capacidade de produção ampliada em até 10%.

Fonte: Valor Econômico – 08.12.2016.

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