Internet das Coisas-IoT, segurança do paciente tem de ser prioridade
Por Roberta Massa | 23.10.2017 | 1 comentário“Não podemos entender um hospital como uma fábrica. Qualquer erro custa a vida do paciente”.
Alerta Donizetti Louro, líder do grupo de trabalho da indústria 4.0 na Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo).
O especialista entende os impactos da Internet das Coisas (IoT) na área da saúde, mas pede cautela na avaliação das soluções.
Segundo ele, a IoT ainda é um conceito e traz questionamentos importantes nos cuidados com a saúde.
A conectividade entre equipamentos, sensores e sistemas é tida como uma forma de promover a humanização na saúde.
Os especialistas defendem que, com automação de processos, digitalização das informações e apoio de sistemas de inteligência artificial, médicos e outros profissionais serão mais produtivos e terão mais tempo para se dedicar ao paciente.
Para Louro, há limites claros na transferência deste pensamento industrial para o atendimento médico.
“Ninguém sabe ainda como fazer isso com segurança total para o paciente.”
Segundo ele, os primeiros projetos de IoT medirão o desempenho de equipamentos e processos.
Um exemplo está em avaliar os dados coletados dos sensores de um equipamento de mamografia para identificar se ele está sendo utilizado dentro dos protocolos corretos.
Mas o atendimento crítico, como a conectividade dos dispositivos da sala de terapia intensiva (UTI) a sistemas capazes de monitorar o paciente ainda demanda desenvolvimento das soluções para garantir precisão dos dados.
“Em um cenário crítico, tudo tem de ser integrado na mesma plataforma”, diz.
Na saúde, o tema da IoT, na opinião de Louro, extrapola o ponto da automação e da captura e análise de dados, uma vez que os sistemas nunca substituirão a ação e o acompanhamento dos médicos.
“A questão fundamental é a gestão do risco. Usar a tecnologia sem ocasionar danos ou sofrimento ao doente.”
Renato Garcia Carvalho, CEO da Philips Brasil, lembra que, para tirar proveito da IoT, é preciso alcançar um alto nível de conectividade.
O que demanda digitalização de informações e processos. Isso significa instalar sistemas de gestão e prontuários eletrônicos nas unidades de atendimento e partir para a integração total do sistema de saúde.
“O uso intensivo de tecnologia vai propiciar benefícios como diagnósticos mais rápidos e precisos, maior segurança para o paciente e redução de filas”, diz.
O desafio está em pavimentar o caminho. Segundo estudo realizado pela Philips, com 19 países, o Brasil ainda investe pouco na adoção de tecnologia da informação na saúde, com índice abaixo da média quando comparado com as outras nações avaliadas na pesquisa.
A análise levou em conta indicadores como acesso aos serviços, adoção e integração de tecnologias conectadas de saúde.
Carlos Reis, consultor do segmento de saúde da Logicalis, afirma que a IoT é um dos pilares da transformação digital na área da saúde, portanto é tema de discussão nos projetos de tecnologia.
“As instituições ainda não conseguem reunir dados que chegam de diferentes fontes de informação”, diz.
Agregar, analisar e entender os dados que chegam de equipamentos, sensores e até de dispositivos como relógios inteligentes é, segundo ele, a meta para utilizar a IoT como ferramenta de gestão da saúde.
O uso de dispositivos móveis vai permitir, lembra Fabricio Campolina, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), o monitoramento da saúde em tempo real e o maior engajamento dos pacientes nos cuidados com a saúde.
Entre as possibilidades está a promoção da saúde por meio de campanhas para acompanhar atividades físicas e a conduta dos pacientes.
A IoT pode ser utilizada no tratamento em casa, medindo sinais vitais e enviando informações para o médico.
Além de permitir o envio de mensagens para lembrar o paciente de tomar a medicação.
“Os planos de saúde podem premiar – com descontos – os pacientes que agem para melhorar na saúde”, afirma.
Estudo realizado pelo Ericsson ConsumerLab sobre a expectativa dos consumidores em relação ao atendimento à saúde identificou uma tendência para o autocuidado.
O uso de adesivos inteligentes (com sensores grudados ao corpo para monitorar sinais vitais) foi citado por 28% dos entrevistados como um recurso capaz de facilitar o tratamento e a gestão da própria saúde.
Dispositivos móveis – como pulseiras e relógios inteligentes – foram considerados por 62% dos entrevistados como ferramentas que facilitam o controle da saúde.
O levantamento entrevistou 4,5 mil usuários avançados de banda larga móvel na Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos.
Fonte: Valor Econômico – 23.10.2017.
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