Saúde

Obesidade cresce no Brasil e pode impactar o PIB nos próximos 30 anos

Por Redação GeHosp | 17.12.2019 | Sem comentários

Mais de 41 milhões de pessoas são obesas no Brasil. Um a cada 5 brasileiros sofre com a doença, que só está atrás do cigarro em causa de mortes evitáveis no mundo.

Entre 2006 e 2018, a obesidade cresceu 67,8% no país, tornando-se uma epidemia e que pode nos levar a um patamar semelhante ao dos Estados Unidos, campeão em porcentagem de obesos (36% de sua população adulta), já nos próximos anos.

Os dados do Ministério da Saúde foram reforçados por estudo recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que reúne os 36 países mais ricos do planeta. E o número de obesos no Brasil cresceu em um ritmo maior do que nas nações ricas. A proporção de obesos na população adulta brasileira pulou de 12,7% para 22,1%, em dez anos, enquanto a da OCDE está em 23,2%.

Além de ser um fator de risco para alguns tipos de câncer, hipertensão e diabetes, a obesidade poderá impactar em 5,5% do PIB nacional, entre 2020 e 2050, justamente devido aos gastos com essas doenças.

A obesidade, porém, não pode ser associada a desleixo e falta de vontade, estigma frequentemente carregado por pacientes que sofrem com o excesso de peso. Por ser uma doença multifatorial, o tratamento deve considerar diversos aspectos, incluindo emocional e psicológico.

Novo Centro Bariátrico do Hospital Santa Catarina

Reunir uma equipe multidisciplinar e centralizar a realização de exames para otimizar o atendimento aos pacientes é a proposta do novo Centro de Excelência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital Santa Catarina.

De acordo com o médico Victor Medeiros Fernandes, que está à frente da equipe, quase a metade dos pacientes elegíveis para a cirurgia bariátrica acabam desistindo quando os procedimentos pré-operatório demoram mais de seis meses.

“É importante que o paciente se sinta acolhido e respeitado. A pessoa que procura a cirurgia já tentou emagrecer de todas as formas. Comumente as vias metabólicas e de absorção de alimentos estão alteradas, dificultando bons resultados mesmo com dieta e atividade física. Uma espera longa, injustificada, no processo de liberação cirúrgica pode frustrar o paciente”, explica.

A proposta é que, no local, os exames clínicos e as avaliações médicas, psicológicas e nutricionais, obrigatórias para cirurgia, sejam feitas em menos de dois meses.

Além do atendimento humanizado e toda a estrutura do Santa Catarina, o espaço oferece aos pacientes mobília adaptada, cadeiras e macas mais largas, e uma moderna balança de bioimpedância, que mede as taxas de musculatura, gordura e água do corpo com agilidade.

De acordo com o médico, a cirurgia bariátrica é padronizada e segura, com taxa de complicação mínima. O Brasil é o segundo país do mundo em números absolutos deste tipo de procedimento, atrás apenas dos Estados Unidos. “No novo centro, pretendemos realizar 100 cirurgias por ano. A expectativa é ajudar o paciente a lutar contra a obesidade, permanecendo por muitos anos afastado dela e de suas comorbidades. Lembrando que a cirurgia não é a cura, e sim um auxílio na luta contra uma doença crônica”, alerta. 

Para a nutricionista Thais Trujillo Sato, que integra a equipe, é importante conscientizar o paciente que ele viverá em dieta alimentar e precisará repor vitaminas provavelmente para o resto da vida. “Logo após a cirurgia, são 10 dias de dieta líquida e o paciente só poderá ingerir alimento sólido após 30 dias”.

O cuidado se estende ao pós-operatório. Os homens são acompanhados por um semestre e as mulheres por um ano, todos os meses, com testes clínicos, psicológicos e nutricionais, até receber alta.

A psicóloga Michelli Bernini Pedro lembra que entender o que leva o paciente a se alimentar é imprescindível. “Em alguns casos, há uma certa crise de identidade, já que a pessoa perde muito peso”.

Obesidade

O índice de massa corpórea (IMC), calculado pelo peso dividido pela altura ao quadrado, define a obesidade da seguinte forma:

  • IMC entre 25,0 e 29,9 Kg/m2: sobrepeso
  • IMC entre 30,0 e 34,9 Kg/m2: obesidade grau I
  • IMC entre 35,0 e 39,9 Kg/m2: obesidade grau II
  • IMC maior do que 40,0 Kg/m2: obesidade grau III

Para a realização da cirurgia bariátrica é exigido que paciente tenha IMC acima de 40 kg/m², ou IMC de 35kg/m² e doenças associadas, ou IMC acima de 30 kg/m² e diabetes tipo 2.

Fonte: Assessoria de imprensa – 17.12.2019

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