Carreiras

O aumento da presença das mulheres na medicina

Por Roberta Massa | 11.03.2016 | Sem comentários

A mulher na medicina Brasileira:

O número de mulheres que entram na medicina no Brasil é maior que o de homens desde 2009, revela o estudo A Feminização da Medicina no Brasil, desenvolvido por Mário César Scheffer e Alex Jones Flores Cassenote, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), publicado na revista Bioética.

O trabalho aponta que as mulheres já são maioria entre os profissionais com menos de 29 anos de idade e estima um equilíbrio entre o número de homens e mulheres exercendo a medicina no País até 2028.

O sexo feminino é maioria em especialidades ligadas à atenção básica, como a clínica médica, pediatria e ginecologia e obstetrícia.

Conforme registros nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), as mulheres médicas representam 39,9% entre aproximadamente 400 mil profissionais registrados no País, “Desde 2009, o número de mulheres que entram na medicina superou o de homens. Em 2010. por exemplo, ingressaram na profissão 7.634 mulheres e 6.917 homens”, diz Scheffer.

Entre os médicos com menos de 29 anos, havia 53,31% de mulheres em 2012.

Pesquisa realizada em 30 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que a porcentagem de mulheres médicas passou de 28%, em 1990, para 38% em 2005, situação similar à verificada hoje no Brasil. Também é preciso lembrar que a maior inserção das brasileiras no ensino superior e no mercado de trabalho em geral é uma tendência verificada pelo IBGE”, completa o pesquisador.

A distribuição das mulheres pelas especialidades médicas, verificada a partir de registros dos títulos de especialistas e da conclusão de programas de residência, mostra que, entre as 53 especialidades reconhecidas no Brasil, em 13 existe predomínio feminino, Elas também são maioria nas especialidades básicas como:

  • Pediatria (70%)
  • Medicina de família e comunidade (54,2%)
  • Clínica médica (54,2%)
  • Ginecologia e obstetrícia (51,5%).

A presença feminina na medicina Brasileira só é menor que 10%  nas áreas de cirurgia cardiovascular (90% de homens), neurocirurgia (91,8% homens), ortopedia (95%) e urologia (98,8%).

De acordo com Scheffer, o Brasil passa por mudanças demográficas e epidemiológicas, com uma forte tendência de envelhecimento da população e aumento na prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. “Isso exigirá um reordenamento dos serviços de saúde a partir da atenção primária, onde estão as especialidades em que existe maior presença de mulheres”, diz. “Outros estudos mostram que, apesar de cumprir jornadas de trabalho menores e ter número menor de vínculos, devido as atividades familiares, a mulher médica consegue harmonizar melhor a relação com os pacientes, além de possuir maior capacidade para atuar em equipes multidisciplinares”.

O professor lembra que existe no Brasil uma carência de médicos para contratação junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) nos pequenos municípios, nas periferias dos grandes centros e em determinadas especialidades, como pediatria, anestesia e psiquiatria. “Há maior necessidade de profissionais na atenção primária e em locais de difícil provimento”, aponta. “Como há uma preferência das mulheres pelas especialidades básicas, uma política oficial adequada para a residência médica poderá estimular o preenchimento de vagas e a interiorização dos profissionais”.

(*) Alex Jones Flores Cassenote é doutorando do Programa de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias da FMUSP. A pesquisa é orientada pelo professor Mário Scheffer, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade.

Fonte: Abramge – 11.03.2016

 

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