ONGs ajudam a amenizar falta de médico em São Paulo
Por Roberta Massa | 16.12.2017 | Sem comentáriosVoluntários oferecem atendimento médico e exames gratuitos na capital paulista; Há um ano, Suely Santos, de 47, descobriu que estava com câncer de mama.
Poderia ter sido em uma unidade do SUS, mas foi no meio de um campo de futebol, durante a campanha Marque esse Gol.
Iniciativa da ONG Américas Amigas com o grupo Meninas do Peito e a empresária Cristiane Gambaré.
Em uma cidade como São Paulo, onde faltam 930 médicos nas unidades de saúde administradas pela Prefeitura.
A saída da população tem sido o atendimento oferecido por redes de ONGs.
Os dados sobre déficit de profissionais foram obtidos via Lei de Acesso à Informação.
Curada, Suely é uma das voluntárias deste ano do projeto.
“Aquilo me beneficiou e agora é minha vez de ajudar os outros”, conta, emocionada.
Em uma unidade móvel instalada em estádios de futebol, o Marque esse Gol realiza exames gratuitos de mamografia e ultrassonografia.
E encaminha pacientes diagnosticados para tratamento gratuito em hospitais parceiros.
Em 2016, foram identificados oito casos.
O objetivo da Campanha é fazer um diagnóstico precoce da doença e dar tratamento imediato para as pacientes.
“O caminhão do governo faz a mamografia, devolve o exame e manda a paciente marcar consulta.
Às vezes, o atendimento demora meses, e a doença pode agravar”, explica Nátali de Araújo, de 32, ex-paciente e uma das idealizadoras.
O especialista em gestão de terceiro setor José Alberto Tozzi, de 68, explica que o município não tem competência para gerir tudo e, por isso, iniciativas como essa são importantes.
“Eu acho que é fantástico. Poderia ter incentivos por parte do poder público.
” Ainda segundo as informações pela Lei de Acesso, nas unidades administradas pela Prefeitura há déficit em técnicos de ultrassonografia (faltam 92%) e médicos da área de ginecologia e obstetrícia (67%).
A auxiliar de limpeza Maria José dos Santos, de 47, ficou quatro meses na fila do SUS e não foi chamada.
“Queria passar em um clínico e ver se ele me encaminhava para outro médico. Sinto muitas dores nas pernas todos os dias.”
A consulta só veio depois, quando ela soube do Instituto Horas da Vida, organização que presta serviço médico gratuito.
“Demorou apenas duas semanas para eu ser atendida.
O doutor me passou exames e devo voltar em 15 dias.”
Criado em 2013 pelos médicos João Paulo Nogueira e Rubem Ariano.
O Instituto Horas da Vida é uma rede de médicos voluntários dispostos a doar horas de consultas para pacientes que não podem pagar.
O projeto funciona em parceria com ONGs de São Paulo e Curitiba.
Elas encaminham para o instituto pessoas em situação de vulnerabilidade social que estão na fila de espera do SUS e que possuem renda familiar de até três salários mínimos.
O projeto conta com uma rede de 1.800 profissionais de 31 especialidades diferentes.
Desde sua criação, atendeu cerca de 14 mil pacientes. “Felizmente, as pessoas estão cada vez mais dispostas a esse tipo de trabalho”, diz João Paulo.
Fonte: Estadão-16.12.2017.