Inovação

Jornada de hospital inteligente passa por forte mudança cultural

Por Redação GeHosp | 05.09.2019 | Sem comentários

Embora seja um segmento conservador, nos últimos anos tem-se observado uma revolução na área de saúde. Seja do ponto de vista da experiência do paciente ou da agilidade e precisão na tomada de decisão do corpo clínico, a tecnologia tem provocado debates e mudanças. A jornada rumo a um sistema de saúde mais inteligente, no entanto, não é tão simples e tampouco rápida, como comentou Roberto Contreras, subgerente de tecnologia da Clínica Alemana, principal hospital chileno e segundo mais importante da América Latina, de acordo com a revista América Economia, perdendo apenas para o brasileiro Hospital Israelita Albert Einstein.

Todo o processo criado internamente pela gerência de tecnologia da instituição passa por ter uma base extremamente robusta e sistemas totalmente integrados por plug-ins nativos ou APIs. Entre as plataformas que pavimentam a gestão da clínica está o SAPR3, que substituiu todos os sistemas anteriores dando mais controle à operação e acelerando, por exemplo, processos de pagamentos, melhorando, inclusive a experiência no paciente nesse quesito.

“SAP Hana tem tudo o que precisamos. Já tínhamos um acordo com a SAP e, em 2021, deveremos iniciar o SAP4Hana em 100% dos processos. Utilizamos a plataforma desde 2015 e foram 18 meses para materializar o processo, fizemos tudo o que a SAP nos disse. Passamos por todas as áreas buscando os melhores profissionais para integrar o projeto”, relembra. “Tínhamos diversos sistemas legados o que atrasavam pagamentos, cobranças e hoje tudo passa apenas pela plataforma SAP. Melhorou também muito a gestão da informação gerada pela empresa e controle orçamentário”, complementa o executivo.

Embora um projeto como esse possa parecer fora do contexto de transformação, ele pavimentou a governança da clínica e abriu caminho para que a equipe pudesse pensar não no básico, mas num futuro próspero. Além disso, deu um espaço ainda maior para que a área de tecnologia pudesse se adaptar aos novos tempos. Esse projeto com a SAP, por exemplo, teve forte envolvimento das áreas de negócios, sem o qual, afirma Contreras, não haveria sido um sucesso.

O novo cenário da tecnologia em saúde pede mudanças em inovação, sustentabilidade, entre outros pontos, muito provocado também pelas diversas startups que surgem. “Não posso competir com essa onda. Antes era comum uma área de tecnologia que desenvolvesse tudo. Hoje, com o mar de gente para criar coisas e solucionar problemas, não preciso de toda essa estrutura, além disso, existe uma concorrência pelos desenvolvedores. Devemos ser um integrador de tecnologia e um facilitador para que as empresas trabalhem e não desenvolver, utilizar API para integrações externas”, pontua.

A ideia do executivo é olhar cada vez mais para fora e aproveitar o que tem de melhor e conectar aos sistemas internos por meio de APIs, assim, acredita Contreras, poderá construir sua jornada rumo a um hospital inteligente entregando uma experiência cada vez mais completa ao paciente e, também, aos profissionais de saúde. Como gestão de tecnologia, eles adotam o modelo bimodal, do Gartner, com o qual trabalham neste momento para ter o modo 2 funcionando, onde a inovação ganha mais espaço no dia a dia. Além disso, na estratégia do grupo, o cliente passa a estar no centro de tudo, ou seja, o foco está em oferecer uma experiência digital, 24×7, onde o paciente possa acessar tudo a qualquer momento. A Clínica Alemana já conta com um aplicativo e um ambiente web chamado de Mi Página de Salud, onde as pessoas têm prontuário, histórico de consultas e pode até realizar pagamentos.

Mas voltando ao início do texto, a jornada está apenas no início e Contreras não acredita em projetos de transformação digital que durem um ou dois anos. “A transformação leva pelo menos 5 anos quando começa, porque muda a cultura das pessoas e isso é complicado, sistemas todos compram. Todas as indústrias estão evoluindo, varejo, transporte, mineração. Saúde tem particularidades em seu processo produtivo, desde sua criação, há um momento analógico que é quando você está com o médico na consulta e isso não muda, o que podemos auxiliar é tomada de decisão. Com inteligência artificial o médico pode ter suporte de milhares de casos para apoiar na tomada de decisão. A adoção acontece quando a tecnologia te soluciona um problema”, reflete.

Fonte: ComputerWorld – 05.09.2019

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