Evento em SP debaterá o tratamento oncológico pediátrico
Por Redação GeHosp | 13.05.2025 | Sem comentáriosXIX Congresso de Oncologia Pediátrica debate caminhos para integrar estratégias sobre acesso ao tratamento de crianças e adolescentes; Brasil somará cerca de 8 mil novos casos de câncer infantojuvenil em 2025.
O diagnóstico de câncer é sempre um momento difícil para qualquer família, mas quando se trata de crianças e adolescentes, a situação torna-se ainda mais desafiadora.
Apesar disso, os avanços científicos nas últimas décadas têm proporcionado mudanças significativas no tratamento oncológico pediátrico, especialmente graças ao maior conhecimento dos mecanismos genéticos e moleculares envolvidos no desenvolvimento da doença.
Estas inovações estão entre os principais temas que serão debatidos durante o XIX Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica, que acontecerá de 14 a 17 de maio, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.
O evento, que tem como tema “Equidade no Tratamento da Oncologia Pediátrica: Garantindo Acesso Universal às Tecnologias e Avanços Terapêuticos para Aumentar as Chances de Cura”, reunirá mais de 1.500 profissionais e especialistas da área de saúde.
Conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil somará cerca de 8 mil novos casos de câncer em crianças e adolescentes em 2025. Apesar de ser considerado raro, o câncer infantojuvenil é a primeira causa de morte por doença nessa faixa etária no país e a segunda causa de óbito em geral, ficando atrás apenas das mortes por acidentes.
ABISMO ENTRE REGIÕES E PAÍSES
Um dos principais desafios a ser enfrentado é a disparidade nas taxas de sobrevida entre diferentes regiões do Brasil e entre países de diferentes níveis de desenvolvimento econômico.
Enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam índices mais elevados de cura, o Centro-Oeste, Nordeste e Norte enfrentam resultados inferiores, configurando um cenário de desigualdade que precisa ser superado.
“Quando avaliamos o cenário global, a diferença na sobrevida é ainda mais significativa. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 80% das crianças e adolescentes com câncer serão curadas em países desenvolvidos”, afirma Dr. Sidnei Epelman, presidente do XIX Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica e líder nacional da especialidade oncopediatria da Oncoclínicas&Co.
“Nos países de média e baixa renda, onde vive 85% do público infantojuvenil diagnosticado com câncer, estima-se que apenas 20% irão sobreviver.”
Esta discrepância, segundo o especialista, pode ser atribuída a diversos fatores, sendo talvez o mais relevante o atraso no diagnóstico.
“Os principais sinais e sintomas relacionados ao câncer infantojuvenil são comuns a outras doenças na mesma faixa etária, o que pode confundir pais e médicos, levando à demora no diagnóstico e início do tratamento”, explica.
NOVAS ABORDAGENS DESAFIAM LIMITES TRADICIONAIS
Os avanços nas análises moleculares e genéticas vêm revolucionando a compreensão e o tratamento do câncer infantojuvenil, viabilizando terapias personalizadas, mais eficazes e com menos efeitos adversos.
“Isso transforma a abordagem terapêutica, pois direcionamos os tratamentos de forma mais assertiva, o que impacta diretamente nos resultados e na qualidade de vida dos pacientes”.
Ampliar o acesso a essas tecnologias será um dos temas centrais do congresso. “Essas ferramentas têm potencial para reduzir as desigualdades no tratamento, independentemente da região ou da condição socioeconômica dos pacientes”, destaca o especialista.
Embora as análises moleculares não determinem a causa do câncer, elas oferecem informações valiosas que orientam decisões clínicas de forma mais segura e individualizada.
ESPECIFICIDADES DO CÂNCER INFANTOJUVENIL
Um aspecto fundamental destacado pelos especialistas é que o câncer infantojuvenil apresenta características distintas do câncer adulto. “Quando falamos de câncer infantil, estamos nos referindo a um número grande de doenças, que são muito diferentes entre si.
Até meados dos anos 1970, crianças e adolescentes com neoplasias recebiam o mesmo tratamento que os adultos, apesar de possuírem características biológicas e orgânicas bem distintas”, explica Dr. Epelman.
Hoje, o cenário é diferente, com linhas de cuidado específicas para pacientes pediátricos, o que tem garantido maior sucesso nos resultados.
Entre os tipos mais comuns de câncer nessa faixa etária estão as leucemias, os linfomas e os tumores do sistema nervoso central, além de alguns tipos raros como o retinoblastoma, que afeta os olhos.
É importante destacar que, quando diagnosticado precocemente e tratado em centros especializados, o câncer infantojuvenil tem altas chances de cura.
Estudos mostram que oito em cada dez crianças e adolescentes podem ser curados se receberem o tratamento adequado em tempo hábil.
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR
O congresso contará com a participação de renomados especialistas internacionais, incluindo profissionais de Portugal, Reino Unido, Estados Unidos, Índia, Canadá, Peru e Argentina.
Esta diversidade de participantes permite uma rica troca de experiências e conhecimentos, essencial para o avanço no tratamento do câncer infantojuvenil.
“A oncologia pediátrica é feita em muitas mãos, através de profissionais de diversas áreas, como cirurgiões, radioterapeutas, patologistas, hematologistas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, etc.
Dessa forma, podemos atuar para diminuir a desigualdade e aumentar a sobrevida”, afirma.
Esta abordagem integrada é essencial para garantir não apenas o tratamento da doença, mas também o bem-estar físico, emocional e social dos pacientes durante todo o processo. “Vale destacar ainda que os mais jovens tendem a ter respostas mais positivas aos tratamentos.
O importante é garantir que tenham uma linha de cuidado que contempla não só esse olhar para o câncer, como também para a pluralidade de desafios que a fase de crescimento representa, garantindo a essas crianças e adolescentes as condições para se desenvolverem de forma plena em todos os sentidos”, finaliza Dr. Sidnei Epelman.
SERVIÇO:
XIX Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica
Data: 14 a 17 de maio de 2025
Local: Centro de Convenções Frei Caneca
Endereço: R. Frei Caneca, 569 – Bela Vista, São Paulo – SP, 01307-001
Informações: https://www.sobope2025.com.br