Gestão

A realidade da enfermagem no Brasil

Por Fabio Lobo | 13.02.2011 | 1 comentário

Nos últimos meses nos deparamos com notícias de profissionais da área da saúde como enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que cometeram erros graves que causaram lesões ou até mesmo a morte de pessoas.

Tifanny uma criança de apenas 1 ano de idade, foi diagnostica no Hospital Geral do Mandaqui-Sp com quadro de anemia, e saiu do hospital sem um pedaço do seu dedo após enfermeira retirar a bandagem com tesoura.

Stephanie dos Santos, 12 anos, admitida no Hospital São Luiz Gonzaga- SP, com quadro de diarréia e vômitos, após prescrição médica de soro fisiológico, recebeu vaselina pela auxiliar de enfermagem.

O presidente do COREN, Claudio Alves Porto, divulgou nota aos jornalistas, onde destacou que as causas dos acontecimentos (falhas?!?!) não estão somente no erro humano, mas principalmente nas péssimas condições de trabalho onde estes profissionais atuavam.

A abordagem do presidente, em minha opinião é totalmente coerente com relação ao nosso sistema de saúde pública. Muitos profissionais atuam com precárias condições de trabalho, onde muitas vezes um item básico de trabalho como uma luva de procedimento não está disponível.

Destaco esta questão por ter um familiar próximo estagiando em um hospital da zona norte de São Paulo e ser orientado a economizar luvas, trazer de casa, pois estava em falta na instituição. Como um hospital pode atender nessas condições? É realmente muito complicado.

A maioria dos profissionais tem baixo salário, vejo nos sites de oportunidade de trabalho lugares exigindo cuidados a pacientes complexos oferecendo salários entre R$ 600,00 á R$ 900,00. Realidade que obriga na maioria das vezes uma jornada dupla, pois não dá para viver dignamente com este salário.

Qualificação, outra triste realidade
Em sua entrevista o presidente do COREN esqueceu, ou melhor, não quis comentar sobre um ponto muito importante com relação à qualificação dos profissionais da saúde.

Em quais escolas estes profissionais foram formados?

O que as escolas oferecem para a qualificação destes profissionais?

As escolas realmente estão preparadas para formar profissionais qualificados com princípios técnicos e éticos?

Cito São Paulo (minha cidade) pois vejo muitas escolas em situação vergonhosa. A verdadeira preocupação é ter as mensalidades recebidas, pois, mal possuem professores para lecionar matérias básicas, e os estágios são mal aproveitados pois faltam locais adequados para o aprendizado.

Escolas sem condições de funcionar
Fico me questionando como estas escolas recebem autorização para funcionar? E pior, ainda assim muitas ainda estão incluídas em programas governamentais de reciclagem.

Que tipo de reciclagem os profissionais encontraram neste cenário, nessas escolas?

Acredito que devemos expandir as cobranças, não podemos apenas concentrá-las nos profissionais que falharam, a responsabilidade é muito maior pois envolve todo um sistema que inclui os órgãos regulamentadores destas escolas e nossos governantes que mantém o sistema nesta decadência.

Trata-se de uma reação em cadeia, onde cada parte envolvida, (Ministério da Saúde, COREN, MEC), tem sua parcela de responsabilidade. Enquanto existir esta filosofia, nada irá melhorar, esta é a triste e dura realidade do nosso Brasil.

Aqui no Gestão Hospitalar continuaremos olhando para o problema como um todo e buscando o caminho ideal para que o Brasil desempenhe um papel mais digno no setor da saúde.

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