Inovação

O caminho da inovação: o uso do WhatsApp na prática laboratorial

Por Roberta Massa | 22.08.2016 | Sem comentários

Como pode proceder um profissional de Análises Clínicas jovem, com muito pouco tempo de experiência e trabalho efetivo em laboratório, que se estabelece num longínquo interior com todas as indisponibilidades em recursos financeiros, informações e separado dos grandes centros por distâncias proporcionais ao tamanho, à falta de estrutura, à desorganização e ao custo Brasil?

Existem centenas de colegas nessa situação, necessitando de orientações e novos conhecimentos. Enfrentam todos os tipos de adversidades que podem começar até por deficiências em voltagem elétrica, qualidade da água, péssimas rodovias e principalmente isolamento. Dos colegas, dos fornecedores e da informação.

Helder Cavalcante Fortes é um exemplo típico desta situação, quando, ao concluir a graduação foi trabalhar no laboratório de propriedade de seu pai, na cidade de Porto Alegre do Norte, Mato Grosso, cidade que se enquadra na situação de centenas com as características descritas. Com as dificuldades vinculadas a tudo aquilo que não se trata de Copa do Mundo ou Olimpíada o colega pós graduou-se em Citologia em Belo Horizonte e começou a exercer a sua atividade profissional.

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Em pouco tempo, não obstante a sua capacidade de trabalho, sentiu-se assediado pelo isolamento. Passou a fazer contatos com colegas da área em cidades próximas, inicialmente via e-mail, após por WhatsApp e desses contatos nasceu o grupo “Análises Clínicas – MT”, inicialmente formado por aproximadamente 20 profissionais de cidades do Mato Grosso e que, aos poucos, foi crescendo e despertando o interesse de novos colegas, de outras regiões. De março 2016, mês da criação do grupo, até a presente data a situação do grupo mudou de modo radical e hoje tem cerca de 200 participantes de 19 estados.

Obteve também a adesão de profissionais de maior experiência, doutores, mestres e especialistas, sempre prontos a colaborar no auxílio ao esclarecimento das dúvidas que se apresentam diariamente.

A denominação do grupo passou a ser “Análises Clínicas – Brasil”.

Todos assuntos relacionados à atividade laboratorial podem ser apresentados e discutidos no grupo. Dos mais simples aos de maior complexidade.

Metodologias, kits e reagentes, equipamentos, definição de laudos informatizados, laboratórios de apoio, questões de educação continuada do PNCQ. Fotos de lâminas de microscopia com alterações hematológicas, bacterioscopias, sedimento urinário, pesquisas em micologia, doenças tropicais são publicadas diariamente pelos participantes, tanto para dirimir dúvidas, quanto para mostrar e informar ao grupo algum achado raro ou inusitado.  É diária também a apresentação de fotos com solicitações médicas de procedimentos laboratoriais com a tradicional e clássica caligrafia médica. O socorro vem rápido e certeiro.

O aspecto colaborativo que se nota nas prontas respostas às dúvidas, nas orientações em relação à seleção de produtos, apoio laboratorial, e fornecedores deixa muito clara a necessidade que todos têm de informações constantes.

O colega Helder, moderador do grupo, possui uma belíssima coleção de fotos e filmes, bem como de casos clínicos e laboratoriais das mais diversas procedências e as publica com muita frequência, sempre com o intuito de informação e treinamento aos colegas participantes do grupo.

Num momento em que a atividade laboratorial enfrenta toda a sorte de adversidades e que todos procuram novos caminhos, este exemplo poderia sinalizar parte das soluções para grupos de pequenos e médios laboratórios, sempre os mais atingidos pelas intempéries difusas que envolvem o setor.

Da mesma forma, poder-se-ia pensar na formação de grupos de especialidades laboratoriais, sempre com o foco dirigido à qualificação e difusão do conhecimento.

Um exemplo a ser pensado. Como dito anteriormente, é absolutamente certo de que as soluções não passam pelo individualismo.

Fonte: LabNetWork-22.08.2016

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