Gestão

Custos hospitalares na prática: sua composição, conceitos e metodologias

Por Roberta Massa | 26.10.2017 | Sem comentários

Há uma dificuldade em encontrar informações sobre custos hospitalares, isso se explica porque um hospital é complexo.

São várias empresas funcionando dentro de um único lugar (cozinha, lavanderia, higienização…) com objetivo final de fornecer atendimento ao paciente.

Então muitos perguntam, como é a composição dos custos hospitalares? 

Eles são compostos em variáveis e fixos, sendo os custos variáveis: materiais, medicamentos, órtese e prótese e os custos fixos: os serviços.

Estes custos variáveis e fixos estão divididos em custos diretos e indiretos.

Sendo diretos aqueles ligados diretamente ao atendimento do paciente e indiretos aqueles que contribuem de alguma forma para que o atendimento ao paciente aconteça.

Exemplo de custos diretos em um hospital: os materiais e medicamentos utilizados, o custo do serviço da enfermagem dedicada para aquele atendimento.

A prestação de serviço médico, o custo de manutenção específico de determinado serviço.

Exemplo de custos indiretos em um hospital: parcela de custos do setor de compras, do financeiro, da higiene e da nutrição.

Não é possível fornecer atendimento ao paciente se não houver a compra dos medicamentos, o pagamento para os fornecedores, a preparação da comida, a limpeza do quarto onde ele está sendo atendido.

Mas como apropriar estes custos indiretos para um serviço se eles não são exclusivos de uma determinada área?

Para apropriar os custos indiretos é necessário escolher uma metodologia de custeio, para poder apropriá-los.

As metodologias mais utilizadas são: custeio ABC ou custeio por absorção.

O custeio ABC (método de custeio baseado na atividade), é aquele em que se analisa de forma mais detalhada como apropriar os custos indiretos, utiliza-se um direcionador de recursos/atividades.

Por exemplo, para atribuir o custo de energia elétrica para um produto ou serviço, analisa-se quanto tempo de energia foi consumido.

Calcula-se os kWh utilizados multiplicado pelo custo unitário para poder atribuir este custo indireto para cada serviço.

Esta análise é realizada para todos os custos indiretos do serviço a ser custeado.

Nos custos hospitalares, a maioria das Instituições utiliza o custeio por absorção.

Sendo mais indicado devido à complexidade das atividades de um hospital e ao volume de procedimentos, exames e serviços oferecidos, não sendo viável a utilização do custeio ABC.

Mas o que é o custeio por absorção e como ele é utilizado nos hospitais?

O custeio por absorção considera para os custos indiretos a definição de critérios de rateio para apropriá-los ao custo do serviço.

Mas antes de falar de critérios de rateio, é importante informar que para aplicar a metodologia do custeio por absorção é necessário ter uma estrutura de centros de custos devidamente classificada entre: administrativos, apoio e serviços.

Segue exemplos:

Centro de custo administrativo: faturamento, compras, comercial;

Centro de custo apoio: CME (central de material esterilizado), SND (nutrição e dietética);

Centro de custo serviço: Centro cirúrgico, unidade de internação, UTI.

Mas como são feitos os rateios?

Após estruturação dos centros de custos com suas devidas classificações, através de um sistema de custeio, devemos informar as abrangências de cada centro de custo administrativo e de apoio.

Pois estes custos devem ser distribuídos através de critérios de rateio para os centros de custos de serviço, para que seja possível mensurar o custo final do serviço.

Deve ser feita uma análise individual por centro de custo, analisando a abrangência.

Quem são os “clientes” de cada centro de custo e definição de um critério de rateio para que seja possível distribuir este custo para os centros de custo de serviço.

Segue um exemplo de rateio de um centro de custo administrativo:

Centro de custo: administração geral

Abrangência: todos os centros de custos

Critério de rateio: percentual de custo fixo

Custo unitário do serviço

Após estruturação dos centros de custos, definição de abrangências e critérios de rateio é possível mensurar o custo unitário do serviço.

Custo total dividido pelo volume de produção = custo unitário

A composição completa dos custos hospitalares é:

Custo variável (materiais, medicamentos e órtese e prótese) + custo do serviço (inclui custos fixos diretos e indiretos) = custo total.

Espero que você tenha entendido os principais conceitos de custos e como é a composição do custo na área hospitalar.

Por: Poliane Santos – Gestora na área de Planejamento Financeiro. Formada em Administração de Empresas com MBA pela FGV em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria.

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