Novo perfil de liderança em saúde: desejável ou imprescindível?
Por Roberta Massa | 16.02.2018 | Sem comentáriosA evolução do conhecimento tem forte impacto no aumento da expectativa de vida e até mesmo nos parâmetros de qualidade e segurança do paciente que as instituições de saúde adotam.
Não desejo entrar aqui na discussão sobre o impacto nos custos, mas na forma pela qual as comunidades médica e paramédica deveriam estar se preparando para atuar neste cenário de mudança.
O acervo de tecnologias médicas imerso no ambiente digital em que transitamos está transformando o nosso mundo.
O que já era complicado tornou-se complexo. Com análise aprofundada, conseguíamos conectar causas e efeitos para as situações que se apresentavam e agir sobre elas.
Os desfechos tornavam-se mais previsíveis. Diante da intensificação da evolução tecnológica, passamos a lidar com variáveis que não interagem de forma linear.
Esse é o mundo complexo e imprevisível em que vivemos.
De um médico sempre esperaríamos conhecimento técnico sofisticado, forte compromisso com princípios éticos e capacidade de liderança.
Esses quesitos eram suficientes para alcançar os resultados esperados. Frente ao cenário da complexidade, precisamos reconhecer a necessidade de redesenhar os sistemas de trabalho.
Os tradicionais sistemas hierarquizados, nos quais a organização e os processos sempre foram fundamentais, precisam ceder lugar à flexibilidade, à criatividade e ao trabalho em times.
Quando falo times, falo de grupos com domínio de conhecimentos complementares que, de forma matricial e com autonomia, estão mais aptos a encontrar respostas mais rápidas e mais certeiras.
Não haverá tempo para consultas às tradicionais instâncias acima na hierarquia – que, muitas vezes, assistirão a fatos consumados.
Sem dúvida, estamos acostumados com sistemas controladores nos quais o chefe supremo, o presidente, o comandante, o gerente e mesmo o supervisor imediato têm ciência e aprovam os vários – e até um a um – movimentos da organização.
O mundo complexo exige maior autonomia, redução das autorizações e plena interação de grupos muitas vezes subordinados a lideranças distintas.
Para que a direção seja correta, caberá aos líderes uma verdadeira pregação acerca de valores e princípios.
Em outras palavras, frente a um mundo cada vez mais complexo, as estruturas e os relacionamentos serão obrigados a mudar.
Um dos maiores desafios de mudar a cultura de uma organização é fazê-lo de forma consistente, autêntica e equilibrada.
O líder deve ser capaz de identificar necessidades, criar cenários e apoiar novas lideranças que se proponham a manter presentes valores e princípios fundamentais.
Insistir em padrões antigos de controle é arriscar-se a assistir ao complexo tornar-se caótico.
*Por: Claudio Lottenberg – Presidente do UnitedHealth Group Brasil.
Fonte: Linkedln – 16.02.2018.