Pesquisa

Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino ajuda a prever o risco de morte em pacientes oncológicos

Por Roberta Massa | 28.05.2018 | Sem comentários

O Oncoscore auxilia a conduta médica a partir dos dados disponibilizados, impactando positivamente no planejamento de melhores cuidados.

Estudo realizado pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino traz evidências dos fatores que levam pacientes oncológicos à morte depois de passarem por internação em unidades de terapia intensiva (UTIs).

Os achados resultaram na criação do Oncoscore, uma ferramenta que ajuda a prever o risco de morte.

E que pode ajudar os médicos a tomarem providências para evitá-la.

O médico intensivista Marcio Soares, do Instituto D’Or, avaliou, em parceria com pesquisadores franceses.

Dados da internação de mais de mil pacientes com câncer em dois hospitais.

Um brasileiro e outro francês, para tentar desvendar os fatores que contribuem para a mortalidade de pacientes oncológicos dentro do ambiente hospitalar e no período imediatamente após alta.

Os resultados foram publicados na revista Annals of Intensive Care.

Foram avaliadas características como gravidade da doença, tipo de câncer e necessidade de equipamentos de suporte.

A maior parte dos pacientes incluídos no estudo sofriam de câncer de pulmão, colorretal, de mama e de colorretal, de mama e de cabeça e pescoço.

As complicações do quadro de saúde que os levaram à UTI foram sepse, insuficiência respiratória aguda e coma.

Do total de pacientes incluídos no estudo, 41.3% morreram na UTI.

Dos pacientes que receberam alta, 33% foram a óbito ainda no hospital.

Entre os que receberam alta, a taxa de mortalidade quatro meses após a saída da UTI foi de 65.8%.

Os números, embora altos, devem ser interpretados com cuidado:

“Nos anos 1980 e 90, pacientes com câncer internados em UTIs tinham um prognóstico bastante ruim.

Com a mortalidade acima de 80%. Hoje, o cenário é outro.

A evolução da oncologia e da medicina em geral permitiu uma melhora nos índices de mortalidade.

Levando em conta a grave condição em que esses pacientes se encontram.

As taxas que encontramos no estudo são consideradas boas”, esclareceu Soares.

Na segunda etapa do estudo, os cientistas buscaram identificar os fatores que mais contribuíram para o óbito dos pacientes.

A mortalidade – dentro do hospital ou quatro meses após a alta – foi observada principalmente naqueles que, na UTI, apresentavam câncer de pulmão.

Extensão sistêmica da doença (metástase) e necessidade de suporte orgânico, como terapia de substituição renal ou hemodiálise.

Tendo em mãos os dados médicos de cada paciente, os pesquisadores elaboraram o Oncoscore, uma medida objetiva de predição de desfecho.

Ou seja capaz de antever qual a provável evolução do paciente após a terapia intensiva.

A medida varia entre 1 e 11, em que valores mais altos se referem a quadros mais graves.

Para cada paciente, são pontuados a presença de câncer de pulmão (2 pontos) ou outros tipos de câncer (1 ponto), a presença de metástase (2 pontos).

A necessidade de ventilação mecânica invasiva (3 pontos).

O uso de fármacos vasoativos ou ionotrópicos para melhorar a função cardiovascular (2 pontos) e a terapia de substituição renal (2 pontos).

Com esse sistema foi possível predizer a morte dos pacientes com 74% de precisão.

O Oncoscore também possibilitou atribuir gradações de gravidade:

Para pacientes com resultados menores do que quatro, a mortalidade até quatro meses após a alta foi de 40%; com resultados.

A proposta de estratificar o risco de pacientes graves tem como objetivo final guiar a conduta médica.

Nesse contexto, a definição de parâmetros que auxiliem na identificação de quais pacientes apresentam maior e melhor sobrevida após a terapia intensiva é extremamente importante e deve ser focada em estudos futuros.

“Essas medidas são fundamentais para a elaboração de melhores cuidados para cada paciente.

O que também impacta o planejamento do sistema de saúde que os atende”, concluiu Soares.

Fonte: Hdpr Press – 28.05.2018.

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