Gestão

Transformação digital da saúde na pandemia: Qual será o legado ao SUS na assistência especializada e na atenção primária?

Por Roberta Massa | 22.11.2021 | Sem comentários

A Pandemia acelerou a transformação digital de serviços em todos os seguimentos do mercado, pois não existia uma outra opção, ou o serviço se transformava em digital, ou ele ficava para traz.

A saúde pública por estar no olho do furação, o impacto foi sentido instantâneamente após a declaração de emergência em saúde pública de importância internacional pela Organização Mundial da Saúde em decorrência da infecção humana pelo novo Coronavírus.

A declaração repercutiu na necessidade de implementação de ações prioritárias e emergenciais, a primeira delas foi a revisão do plano de transformação digital da saúde pactuado anteriormente.

O cenário pandêmico exigiu do SUS o desenvolvimento de sistemas de informação que permitissem o controle de indicadores estratégicos para o dimensionamento de ações de forma mais eficiente, o prazo de implementação para a grande maioria dos sistemas de informaçao não passavam de 72 horas.    

Ressalto abaixo, algumas das ações executadas onde literalmente foi necessário trocar a roda com o carro andando em alta velocidade:

  • Desenvolver um sistema de registro de notificações online dos casos de síndrome gripal leve e moderada no território nacional.
  • Estruturar um time de suporte de apoio ao registro de notificações.
  • Desenvolver um sistema de registro dos leitos disponíveis de UTI e enfermaria para acompanhar a ocupação de leitos a nível nacional.
  • Implementar um sistema de registro de notificação de Eventos Adversos relacionados a imunização do COVID-19.
  • Implementar um sistema de registro de notificação de monitoramento de contato dos cidadãos que testaram positivo ao COVID-19.
  • Criar um Certificado Nacional de Vacinação de Covid-19
  • Transformar a Carteirinha de Vacinação de Papel em Digital;
  • Adequar o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações SIPNI para atender a distribuição e a imunização de COVID-19 dos cidadãos.
  • Adequar do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações- SIPNI para atender a campanha de vacinação contra a Influenza.
  • Expandir a implantação da RDNS/CONECTE-SUS de Alagoas a nível nacional.
  • Disponibilizar resultado de exames de Covid-19 de laboratórios privados no Aplicativo Conecte-SUS Cidadão.
  • Dimensionar equipes de modo que as tarefas prioritárias permanecessem em andamento de forma simultânea.

É importante destacar que essas foram somente algumas das ações em que a tecnologia de informação atuou diretamente, pois em paralelo ocorreram diversas frentes cujo a TI não estava capitaneando, mas que também contribui indiretamente, fato que também ocorria em parceria com os demais departamentos e secretarias.

No cenário atual em que estamos, o momento mais crítico da pandemia passou, as ações prioritárias foram entregues, apesar de toda a dificuldade do passado e o desafio atual.

As perguntas que não querem calar?

  1. Como podemos transformar essa grande crise que vivemos em oportunidade?
  2. De que forma podemos reestruturar o ecossistema de saúde de modo a gerar valor ao cidadão do SUS?
  3. Como o SUS irá atender de forma eficiente o represamento do atendimento as demais patologias que deixaram de receber assistência e tratamento adequado durante a pandemia?
  4. Como administrar e direcionar as ações em relação as sequelas dos pacientes que testaram positivo para COVID-19?
  5.  Como administrar e direcionar as ações preventivas que possam permitir a continuidade do cuidado do cidadão em relação ao COVID-19?

Essa são apenas algumas perguntas pelo qual precisamos de respostas, pois elas irão contribuir para a execução de ações assertivas tanto na Assistência Primária e como na Assistência Especializada.

É necessário começar a trabalhar o quanto antes, no meu entendimento temos um caminho para darmos o chute inicial no direcionamento de ações do serviço único de saúde pós pandemia.

Qual é o caminho ideal para iniciarmos?

Não existe um caminho ideal, mas a minha sugestão é utilizarmos os sistemas de informação desenvolvidos pelo Ministério da Saúde durante o período da Pandemia a favor do MS, transformando dados em informações estratégicas.  

De que forma poderíamos executar essa ação?

A inovação esteve ao nosso lado o tempo todo, nos apoiou durante todo o período de pandemia e devemos continuar trabalhando com ela a nosso favor, através da implementação de tecnologias disruptivas.

Minha sugestão é que seja desenvolvido uma modelagem com uso de DATA ANALYTICS e Inteligência Artificial-IA, tendo como base as informações de sistemas Notifica, Conecte-SUS e o SIPNI, para apoiar as ações prioritárias do SUS pós pandemia.

Destaco os sistemas acima, porém eles não foram os únicos à serem criados, porém foram eles que eu tive a oportunidade de acompanhar de perto, a sugestão pode ser aplicada aos demais sistemas que foram implementados pelo MS.  

Os sistemas citados acima, possuem informações relacionadas a internação de pacientes COVID-19, notificação de eventos adversos, imunização de pacientes, entre outras.

Todas esses dados cruzadas e analisadas de forma estratégica, se tornam informações fundamentais de direcionamento para as ações futuras do SUS, como:

  • Permite o controle e monitoramento de consultas, internações, imunização de forma integrada, permitindo a continuidade do cuidado.
  • Propicia o direcionamento de ações estratégicas e prioritárias pós-pandemia.
  • Colabora nas ações de prevenção e de monitoramento dos pacientes na atenção primária à saúde.
  • Permite o acompanhamento dos pacientes de forma direcionada na assistência especializada.
  • Apoia as ações de forma regionalizadas conforme a necessidade cada Município/Estado.
  • Contribui na elaboração de políticas públicas adequadas as necessidades pós pandemia.
  • Permite ao Ministério da Saúde a realização de decisões estratégicas eficientes com base em dados qualificados.
  • Permite ao MS o direcionando de recursos financeiros alinhados a necessidades regionais.
  • Apoia significativamente a otimização de recursos e a redução de custos.
  • Permite o controle e a rastreabilidade de insumos estratégicos em saúde.

Existem muitos outros caminhos a serem seguidos que certamente poderão trazer mais eficiência e qualidade ao SUS, a diferença vai estar em saber o que será estratégico e prioritário para o Ministério da Saúde.

Essa é apenas uma visão e contribuição de quem vivenciou todo esse processo in loco, da administradora hospitalar que aprendeu durante sua vida profissional que só podemos administrar aquilo que controlamos, e só controlamos através de dados e informações confiáveis, que permitirão a execução de ações com organização, planejamento e controle.

O SUS está no caminho certo para a melhoria continua da assistencia a saúde, só precisa ser tratado com a devida prioridade que o mesmo necessita.

O tema é extenso, eu poderia criar um ebook complementando com o direcionamento de ações com o uso da telemedicina por exemplo, mas vamos ficar por aqui hoje.

Até a próxima!

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