Saúde

Oncologistas do Hospital Sírio-Libanês participam do maior evento sobre câncer do mundo

Por Redação GeHosp | 03.06.2019 | Sem comentários

Considerado o mais importante congresso mundial sobre câncer, começa nesta sexta-feira, 31, o Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês), em Chicago, nos Estados Unidos. Entre os mais de 40 mil participantes, estarão 35 médicos brasileiros que fazem parte do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês. Durante cinco dias (até 4 de junho), eles participarão do evento, debatendo os últimos avanços da pesquisa clínica sobre o câncer, incluindo novas terapias, drogas e métodos diagnósticos.

De acordo com o Diretor Geral do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, Artur Katz, a presença da equipe brasileira na Asco é indispensável para que o conhecimento desenvolvido no Brasil sobre o câncer permaneça em sintonia com os últimos avanços da ciência mundial. O Sírio-Libanês é considerado um mais importantes centros hospitalares de referência em oncologia no País, com sólida produção científica em pesquisa clínica.

“É o maior evento médico-científico de oncologia do mundo. Não existe uma sociedade mundial de oncologia clínica e a Asco acaba assumindo esse papel”, afirma Katz. “O evento é enorme – tem de 80 a 100 atividades simultâneas – e aborda todos os tipos de cânceres. Felizmente trouxemos oncologistas de diversas especialidades, que poderão manter o foco em suas áreas de interesse para acompanhar as novidades e tendências que serão apresentadas”, completa, referindo-se a equipe de especialistas em áreas como câncer de pulmão, de mama, de cabeça e pescoço, tumores gastrointestinais, ginecológicos e do sistema nervoso central.

“Neste encontro são apresentados estudos que transformam a prática clínica – pesquisas tão importantes e categóricas que, no dia seguinte após a apresentação, mudam a maneira como se trata uma doença. São estudos preliminares que apontam caminhos promissores, e eventualmente podem se confirmar no futuro como uma mudança de paradigmas”, explica Katz.

Segundo Katz, um dos temas de destaque durante o evento será a medicina personalizada. “Há alguns anos, quando tínhamos 100 pacientes com um câncer de pulmão, os 100 eram tratados da mesma maneira. Hoje é possível individualizar o tratamento, com resultados muito melhores.”

Katz explica que a personalização foi possível graças ao avanço da biologia molecular. “Cada vez mais tentamos compreender as doenças do ponto de vista molecular, isto é, entender os mecanismos que levam as células a se comportarem de maneira aberrante, permitindo o desenvolvimento e manutenção dos tumores.”

Esse tipo de pesquisa em nível molecular, segundo ele, tem permitido a descoberta de uma série de novas drogas que atuam especificamente nas aberrações identificadas, ajudando a personalizar o tratamento. “Hoje fazemos testes de alteração molecular e, com base neles, escolhemos um tratamento que muitas vezes não é a quimioterapia tradicional”, diz.

Imunoterapia

Outra tendência importante que será debatida profundamente durante a Asco, como conta Katz, é o progresso contínuo da imunoterapia – um tipo de tratamento que consiste em ativar o próprio sistema imunológico do paciente para que ele destrua as células de câncer. “É uma forma de tratamento que vem revolucionando a oncologia. A imunoterapia ainda não se aplica a todos os tumores e nem a todos os pacientes, mas vem ganhando um terreno extraordinário. Aguardamos para ver quais são as novas conquistas que serão apresentadas aqui.”

“Embora a ciência avance a passos largos nessa área e várias drogas imunoterápicas já estejam no mercado, ainda há muito o que pesquisar para que esses tratamentos se tornem mais baratos e eficazes para um número maior de pacientes”, pondera o Diretor-Geral do Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, Gustavo Fernandes. “A imunoterapia do câncer é uma realidade, existem medicamentos no mercado há pelo menos cinco anos e centenas de outros estão em fase de pesquisa. Mas ainda precisamos caminhar muito para que essas terapias possam atingir mais gente “, completa o oncologista.

Fernandes lembra que a imunoterapia rendeu Prêmio Nobel de Medicina de 2018 aos cientistas James Allison – que estará no evento em Chicago – e Tasuku Honjo, por seus estudos que deram impulso a esse tipo de tratamento.

“Os avanços incríveis que estamos testemunhando vêm da melhor compreensão dos mecanismos que o sistema imunológico utiliza para reagir aos tumores. Descobriu-se que o sistema imunológico possui ‘freios’ que o impedem de atacar o próprio organismo, mas que também detêm os ataques às células tumorais. A imunoterapia se baseia em destravar alguns desses ‘freios’ da imunidade, para que as células do sistema imunológico possam localizar e aniquilar as células de câncer”, explica.

Fernandes conta que, durante o encontro da Asco, os oncologistas brasileiros terão acesso em primeira mão a novidades e avanços na pesquisa clínica em cada uma das especialidades. A seleção dos trabalhos apresentados é rigorosa – mais de 10 mil estudos científicos foram submetidos e cerca de 500 foram aceitos para apresentação. Os pesquisadores do Sírio-Libanês apresentarão estudos que abordarão áreas como genética do câncer colorretal, combinação de imunoterapia e radioterapia para tratamento do câncer de mama e o acesso de pacientes brasileiros ao tratamento de sarcoma.

“Habitualmente, os estudos mais importantes da oncologia aparecem nesse congresso. Muitos deles são trabalhos inéditos apresentados durante o evento e publicados simultaneamente nas maiores revistas científicas do mundo. É sem dúvida o evento mais relevante da área de oncologia no mundo”, ressalta Fernandes.

Resultados de testes clínicos para novos medicamentos, terapias e métodos de diagnóstico também são apresentados no evento. Além da medicina personalizada e da imunoterapia, Fernandes destaca que apresentação de um novo medicamento para câncer de próstata e sarcoma. “Avanços científicos e aspectos como o acesso da população aos tratamentos serão amplamente discutidos também.”


Durante a Asco, os médicos do Sírio-Libanês gravarão diariamente vídeos contando, em linguagem leiga, o que de mais relevante foi discutido. Todo conteúdo será compartilhado nas redes sociais da instituição.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo – 03.06.2019

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